Ventura cola Iniciativa Liberal à esquerda. Mayan responde com TAP, BES e Luís Filipe Vieira
No debate para as eleições presidenciais, os candidatos de Iniciativa Liberal e Chega mostraram que são "radicalmente diferentes".
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O debate entre André Ventura e Tiago Mayan Gonçalves, na antecâmara das eleições presidenciais, mostrou dois candidatos em polos opostos, com uma discussão acesa, apesar de os partidos pertencerem à família política da direita. Mayan Gonçalves apontou o dedo a Ventura pela sua posição no processo da TAP e pela amizade com Luís Filipe Vieira que "deixou um calote no Novo Banco".
O candidato da Iniciativa Liberal (IL) afirmou que André Ventura não quer ser presidente de todos os portugueses, uma vez que "mandou uma deputada negra para a sua terra, quis cavalgar o medo e confinar uma etnia", lembrou.
André Ventura respondeu com o seu entendimento de "direita política" e colou a IL à esquerda, questionando o candidato da Iniciativa Liberal se é do "PCP ou do Bloco de Esquerda".
O candidato concordou ainda que só será presidente dos que trabalham. "Não vou ser presidente dos que não trabalham e dos que vivem à conta do Estado", assume. Ventura enalteceu que é o primeiro candidato na história a afirmar que não será presidente de todos os portugueses.
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Tiago Mayan Gonçalves, por outro lado, garantiu que quer um país a andar para a frente, mas focado nas conquistas do passado, como "a abolição da pena de morte e da prisão perpétua".
"O objetivo deste debate é esclarecer os portugueses do que significam as propostas dos dois candidatos, e somos radicalmente diferentes. André Ventura quer andar para trás, eu quero andar para a frente. O único patriota aqui sou eu", garantiu.
O que valeu mais um aparte do deputado do Chega: "Legado histórico? Do Álvaro Cunhal e de Mário Soares?"
Apoiar TAP e cortar rendimento dos ciganos? Mayan apontou falhas a Ventura
Já sobre a TAP, Mayan defendeu o fim dos dinheiros públicos na companhia aérea e afirmou que André Ventura não se importa de ser acionista de uma empresa que é devedora do Estado.
Ventura recordou que a TAP é uma das empresas mais importantes de Portugal, que gera "emprego e economia indireta". "É uma grande irresponsabilidade aparecer neste debate, como uma espécie de Bloco de Esquerda a dizer que não pagam. Isso não funciona assim."
Apesar dos milhões na TAP, Ventura já assumiu que quer cortar no Rendimento Social de Inserção (RSI). Mayan Gonçalves pegou no programa do Chega e respondeu: "Para André Ventura é mais prioritário fechar a torneira a 15 milhões na RSI do que a quatro milhões na TAP. Ficou claro."
Tiago Mayan Gonçalves colocou ainda o caso BES em cima da mesa e foi buscar o nome de Luís Filipe Vieira para voltar a criticar a imposição de Ventura com o RSI.
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"O orçamento de RSI para 2020 foi de 300 milhões de euros, quatro por cento disto são ciganos. Estamos a falar de 15 milhões de euros. O que deveria preocupar André Ventura é o calote que o seu amigo Luís Filipe Vieira deixou no Novo Banco. Foram 2025 milhões de euros", lembrou
O candidato da IL apontou que André Ventura não está na Comissão de Inquérito ao Novo Banco, uma vez que é deputado único. Mas recordou que João Cotrim de Figueiredo, deputado da IL, pediu para participar na comissão, e viu o pedido aceite.
Ventura candidato à Câmara de Lisboa?
Quanto ao futuro no Chega, e depois de se ter candidato às eleições europeias, legislativas, e agora presidências, André Ventura garantiu que nas autárquicas não será candidato.
"No dia em que eu sair, deixarei um país consolidado no Parlamento. Um dos maiores partidos portugueses", refere.
Tiago Mayan Gonçalves garantiu, por outro lado, que a Iniciativa Liberal nunca fará Governo com o Chega, apesar do acordo de exceção para um Governo regional nos Açores.
Apesar das diferentes visões quanto à necessidade do estado de emergência para fazer face aos efeitos da pandemia, os dois candidatos reclamaram mais apoios, da parte do Estado, para as pequenas empresas, como do setor da restauração.
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