O líder do Chega sublinha que "estamos a assistir" a um "espetáculo deprimente, de degradação e de promiscuidade dentro do Governo".
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André Ventura desafiou, esta segunda-feira, Luís Montenegro a apresentar uma moção de censura ao Governo. O líder do Chega disse que as revelações da última semana na CPI da gestão política da TAP não devem passar impunes e que o caminho é o fim do Governo de António Costa.
"Uma vez que o Chega não o pode fazer, apelo a Luís Montenegro que apresente com urgência uma moção de censura ao Governo de António Costa, ficando aqui registado o compromisso do Chega de que se o PSD não o fizer, apresentaremos nos primeiros dias de setembro uma moção de censura ao Governo se este continuar em funções", afirmou André Ventura, em conferência de imprensa, sublinhando que "a mentira, a corrupção, o abuso de poder, a promiscuidade entre as instituições, a tentativa de enlamear o Presidente da República e de minar o seu comportamento não podem passar impunes".
"O que estamos a assistir é um dos pontos mais baixos da confiança nas instituições nos últimos anos e não nos parece que tal possa subsistir sem que seja posto fim a este Governo", defendeu.
A moção de censura, com a maioria absoluta do PS, tem efeitos nulos, mas André Ventura notou que é um sinal que é enviado a Belém por parte da Assembleia da República. Já sobre as palavras de António Costa à agência Lusa, o líder do Chega afirmou que há um passa-culpas no Governo que se traduz num "espetáculo deprimente".
"Uma tremenda irresponsabilidade, é um passa-culpas a que estamos a assistir no Governo, quer entre Catarina Mendes e João Galamba, quer entre João Galamba e agora António Costa, que, de facto, é um espetáculo deprimente, de degradação e de promiscuidade dentro do Governo", acrescentou.
Na opinião de Ventura, apenas Marcelo Rebelo de Sousa pode "pôr fim" a esta situação, cabendo ao parlamento dizer ao Presidente "que acha que esse é o caminho certo".
"Enquanto só o Chega e a Iniciativa Liberal andarem a dizer que este é o caminho certo, e o PSD andar metade de um lado e metade do outro, o Presidente sentirá sempre que o chão está a tremer e que o chão não está muito estável. O desafio que eu faço aqui é: vamos mostrar que o chão está estável à direita", desafiou.
O primeiro-ministro considera gravíssimo o e-mail que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP sobre o chefe de Estado e afirma que teria obrigado à sua demissão na hora.
Esta posição de António Costa foi transmitida em resposta à agência Lusa antes de partir para uma visita de dois dias à Coreia do Sul, depois de questionado sobre o teor do polémico e-mail do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, que se tornou público na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP.
"Como ainda não parti, respondo a essa questão de política interna. Cada instituição tem o seu tempo e este é o tempo da Assembleia da República apurar a verdade, toda a verdade, como tenho dito, doa a quem doer", declarou o líder do executivo.
António Costa referiu que "não conhecia" esse e-mail "e, se tivesse conhecido, teria obrigado o ministro [das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos] a demiti-lo, na hora".
"É gravíssimo do ponto de vista da relação institucional com o Presidente da República e inadmissível no relacionamento que o Governo deve manter com as empresas públicas", acentuou.