Ventura quer até 15% dos votos nas legislativas e exige ministérios em eventual Governo com o PSD
Na moção apresentada no congresso do Chega, André Ventura define ainda como meta ser a terceira força mais votada nas eleições autárquicas e lembra a importância da "disciplina" dentro do partido.
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André Ventura estabelece como condição necessária para um acordo de governação com o PSD que lhe sejam atribuídos ministérios nesse eventual Governo. A moção apresentada pelo presidente do Chega, este sábado, no congresso do partido, que decorre em Coimbra, é clara: ou há pastas no Governo para o Chega, ou o partido não apoia o PSD de todo.
A moção de André Ventura - a única que foi dada a conhecer à comunicação social, um vez que o líder do partido impediu os jornalistas de terem acesso aos textos das moções dos outros militantes - define três grandes objetivos para o futuro próximo do Chega: conseguir uma forte implementação autárquica em todo o território nacional; alcançar o terceiro lugar, em termos de votos nacionais, nas eleições autárquicas; e atingir entre 10% a 15% dos votos nas próximas legislativas, tornando-se "indispensável à formação e viabilização de Governo".
Neste grande objetivo de formação de Governo, Ventura sublinha que o Chega não pode abdicar de ter um ministério, num eventual governo liderado pelo PSD. O presidente do partido afirma mesmo, na moção apresentada, que limitar-se a ser um "mero apoio" para o partido de Rui Rio seria ainda "mais nocivo" para o Chega, deixando a ressalva de que, sem ministérios para o partido, não há garantias de que a governação social-democrata seja muito diferente da do atual Executivo de António Costa.
Ventura volta a afastar, nesta moção, os apelos de Rui Rio à moderação e exige "autonomia para a concretização de algumas das grandes bandeiras" do Chega num eventual Governo, sublinhando a necessidade de "reformas estruturais nas áreas da justiça, sistema fiscal, segurança social, administração interna, emprego e defesa nacional".
A moção apresentada por André Ventura menciona ainda uma "venezuelização" do regime político português, com o líder do Chega a frisar que não aceitará uma decisão judicial de ilegalização do partido e apelando ao congresso para que sejam definidos modos de "luta e resistência", caso "o sistema o remeta o Partido para a ilegalidade e para a clandestinidade".
As querelas internas do partido também não ficaram de fora das preocupações do presidente, com Ventura a sublinhar a necessidade de "ética e disciplina" dentro do partido, para que as redes sociais não sejam usadas para "lavar roupa suja", o que, na visão de Ventura, prejudica o crescimento e a "boa imagem" do partido.