Festival internacional de dança contemporânea de Guimarães decorre entre 6 e 16 de fevereiro com muitas estreias e diferentes gerações
Corpo do artigo
O festival internacional de dança contemporânea de Guimarães GUIdance coloca, na sua 10ª edição, a bailarina e coreógrafa Vera Mantero em destaque numa programação que pretende homenagear a força criativa da mulher.
Entre o "grupo de mulheres fortes e 3 homens alinhados com elas" convidados para esta edição, que começa hoje e decorre até 16 de fevereiro, estão Tânia Carvalho, Compagnie Marie Chouinard, Marlene Monteiro Freitas, Akram Khan Company, Sofia Dias & Vítor Roriz, Joana Castro, Elizabete Francisca, Fernanda Fragateiro e Aldara Bizarro, Naïf Production, Jonathan Uliel Saldanha e Vera Mantero.
Depois de estrear em absoluto a sua mais recente criação (em colaboração com o construtor sonoro e cénico Jonathan Uliel Saldanha) no Festival d"Avignon, Vera Mantero apresenta no GUIdance o espetáculo "Esplendor e Dismorfia", esta sexta feira, em estreia nacional. "Esta peça é um objeto particularmente enigmático. Quando recomeçamos a trabalhar e comecei a olhar para o vídeo [da estreia em Avignon] fiquei muito contente com este material. Acho que é mesmo um exemplo de um trabalho que é de outra esfera, para estar noutro lugar mental", descreve a bailarina e coreógrafa. Vera Mantero voltará a surgir no GUIdance para abrir a segunda semana do festival com "Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional " (12 fevereiro), criação de 2012 em que se debruça sobre a desertificação e a desumanização da Serra do Caldeirão, no Algarve.
Artista em destaque na 10ª edição do festival Guidance, Vera Mantero foi uma "escolha inevitável", sublinha o diretor artístico Rui Torrinha, "pelo percurso que tem, pelo que representa e, sobretudo, pela juventude e inquietação que ainda tem dentro de si. É a figura perfeita para esta celebração".
Com 34 anos de carreira na dança contemporânea e convidada a fazer a análise ao setor da Cultura em Portugal nas últimas décadas, Vera Mantero lamenta que entre os "altos e baixos como as curvas da rádio" a que já assistiu, a cultura tenha desaparecido da agenda política. "Um pensamento para a Cultura no país, a ideia da necessidade e a importância dela para a vida de todos nós como é a Saúde, a Educação e uma série de outras coisas básicas, desapareceu", afirma.
Com uma mensagem política surge a peça da jovem criadora Elisabete Francisca que em "Dias Contados" (dia 15 de fevereiro) parte do problema da habitação em Portugal para fazer um afirmação de "resistência" ao "drama que me atinge a mim e a outros colegas que estão em risco de despejo ou que já foram despejados em Lisboa".
O GUIdance 2020 inicia-se esta quinta feira com "Onironauta" de Tânia Carvalho e para o final está reservada a peça de todas as peças "A Sagração da Primavera", por Marie Chouinard, estando ainda previstos, além dos espetáculos, masterclasses, debates, talks e ensaios abertos para as escolas, com o Centro Cultural Vila Flor no centro da programação.
TSF\audio\2020\02\noticias\06\liliana_costa_guidance