Verão está a chegar: não se esqueça de adiantar o relógio uma hora esta madrugada
Quando for 01h00, os ponteiros do relógio devem avançar 60 minutos, passando para as 02h00
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O mês de março marca o início da primavera com os dias a ficarem mais longos e com mais horas de luz. Nem de propósito: está a chegar o horário de verão. A partir da madrugada deste domingo, 30 de março, os relógios vão adiantar uma hora.
Em Portugal continental e na Madeira, quando for 01h00, os ponteiros do relógio devem avançar 60 minutos, passando para as 02h00. Já nos Açores, a mudança de hora acontece às 00h00 de domingo, passando a ser 01h00.
Esta mudança de hora marca o fim do horário de inverno e o regresso do horário de verão. Com os relógios a adiantarem uma hora, vai dormir menos uma hora no domingo, mas os dias vão ficar cada vez mais longos e com mais horas de luz natural ao final da tarde.
A hora só voltará a mudar para 26 de outubro de 2025, regressando ao horário de inverno.
O atual regime de mudança de hora é regulamentado por uma convenção (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.
A proposta para acabar com a mudança de hora foi apresentada pela Comissão Europeia em 2018. Um ano depois, foi aprovada pelo Parlamento Europeu. No entanto, o conselho da União Europeia não foi favorável e, por isso, a mudança de hora continua em vigor.
Horário de verão ou de inverno: o que defendem os especialistas?
Também em 2018, um inquérito online lançado pela Comissão Europeia (respondido apenas por 0,85% dos europeus, dos quais 0,33% eram portugueses) mostrou que 79% dos inquiridos portugueses prefeririam acabar com a mudança de hora e manter sempre o horário de verão. Já os especialistas que defendem o fim da mudança da hora preferem manter o horário de inverno.
Em 2021, a Associação Portuguesa do Sono (APS) explicou que, segundo vários estudos, a abolição da mudança horária e a permanência na hora de inverno “têm efeitos benéficos para a saúde física e psicológica”, com “eventual repercussão socioeconómica positiva”. Segundo a APS, o horário de verão, pelo contrário, “tem diversos problemas a curto prazo: sono mais curto, pior desempenho profissional e escolar e maior frequência de acidentes cardio e cerebrovasculares e de acidentes de viagem”.
A associação refere que, a longo prazo, “há uma maior propensão para cancro, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas (como o Alzheimer), redução da imunidade e compromisso psicopatológico”.
“O sono de crianças, adolescentes e jovens adultos também fica prejudicado com o avanço diário de uma hora, podendo manifestar dificuldade no adormecimento de algumas crianças enquanto ainda é dia, agravamento da tendência para deitar mais tarde durante a adolescência; consequente tendência à redução do tempo de sono noturno durante os dias de aulas e aumento de compensação ao fim de semana", afirma ainda a APS, acrescentando que o argumento da poupança energética, utilizado diversas vezes para manter as mudanças de horas, “não se tem revelado com peso suficiente para contrariar os efeitos do acréscimo anual de uma hora ao longo de, pelo menos, sete meses do ano”.
"Assim, a APS defende a adoção permanente do horário de inverno para apresentar mais vantagens, como mais luz natural ao início da manhã, com efeitos benéficos para o ritmo de sono-vigília maior alinhamento com o ciclo natural luz-escuro (maior facilidade em adormecer e acordar, atenuação do jetlag social); melhoria do desempenho profissional e escolar, melhoria da saúde mental, redução do risco de doença física (cancro, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, problemas de disposição); redução do risco de lesões e vontade); repercussão positiva para a economia", sublinha.
Em Portugal, a mudança de hora surgiu em 1916, altura em que surgiram os primeiros decretos sobre a alteração dos relógios. Desde essa altura, a alteração horária no verão e no inverno tornou-se uma tradição, que, ainda assim, não aconteceu todos os anos. De 1992 a 1996, devido a uma decisão de Cavaco Silva, os relógios portugueses estavam de acordo com o horário de Bruxelas e dos países da Europa Central. A ordem foi depois revertida por António Guterres.