"Verdadeira praga." Dejetos de gaivotas podem estar na origem da interdição de banhos em praias portuguesas
O hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá lamenta a falta de "políticas de controlo" destas aves.
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Têm sido frequentes, ao longo deste verão, as notícias de praias interditas a banhos por problemas de qualidade da água. Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, afirma que pode haver diversas explicações para esta situação, mas há uma que se destaca: as aves, nomeadamente, as gaivotas.
"Isso é particularmente evidente nas praias urbanas, porque, infelizmente, não tem havido nenhuma política de controlo dessas aves, que são uma verdadeira praga", explica à TSF Adriano Bordalo e Sá.
O hidrobiólogo refere que "as aves são animais de sangue quente e têm o mesmo tipo de bactérias que servem de indicadores".
"Elas ao defecarem, seja na água, seja na areia, estão a contaminar. Nos dias de mau tempo, habitualmente, refugiam-se no areal", acrescenta.
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Por isso mesmo, Adriano Bordalo e Sá alerta que a legislação não está a ser cumprida.
"Porque a legislação diz claramente que as amostras devem ser recolhidas quando há um maior número de banhistas. E elas são recolhidas de manhã, relativamente cedo. Não é quando os banhistas estão na praia", denuncia, acrescentando que "os técnicos que vão colher as amostras, - e que têm um trabalho que não é fácil, porque têm de estar vestidos com roupa adequada, no meio do calor -, vão onde dá mais jeito, porque têm de fazer muitas praias de manhã e usam os passadiços, usam o mais próximo da estrada, onde o carro da agência está".
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"Por outro lado, as praias costeiras estão sujeitas a maré. E os estudos que temos há vários decénios, indicam que a água melhora na maré alta e piora na maré baixa", explica.
A zona balnear da Lagoa de Albufeira Interior, no concelho de Sesimbra, foi a mais recente a entrar para a lista das praias que já foram interditadas a banhos este verão, com base numa análise da Agência Portuguesa de Ambiente (APA).
Numa informação divulgada na sua página, a Câmara Municipal de Sesimbra explica que a análise foi efetuada na quarta-feira, tendo sido feita uma contra-análise, tal como indicam os procedimentos legais, cujos resultados serão conhecidos na sexta-feira.