O PCP defende que a «operação resignação» do Governo sofreu um «revés» com os protestos de sábado, considerando que «o verniz e as falas mansas vão começar a estalar».
«A operação resignação sofreu um revés», afirmou o líder comunista, referindo-se às manifestações convocadas pela CGTP, considerando que «o verniz e as falas mansas vão começar a estalar».
Jerónimo de Sousa falava na abertura das jornadas parlamentares do PCP, que decorrem até terça-feira em Torres Vedras, dedicadas à «produção nacional e política de saúde».
O líder do PCP considerou que está em curso, «cada vez com mais intensidade, por parte do Governo e dos grandes interesses que o suportam, a operação resignação», para «levar as pessoas à passividade», fazendo-as crer que enfrentarão somente «dois anos de sacrifícios».
«Daqui a dois anos estaremos com a economia afundada e, mesmo qualquer crescimento que se viesse a verificar, parte de um nível tão baixo e seria tão incipiente que não tem significado, nem em termos económicos, nem em termos financeiros, nem de criação de emprego», contrariou.
Jerónimo de Sousa apontou para uma «operação ideológica» que «assenta na ideia que Portugal tem que cumprir a escritura sagrada do acordo com a 'troika', senão será a bancarrota».
«Mesmo se para alguns, como Cavaco Silva e alguns banqueiros, o que era uma Bíblia há umas semanas, necessita agora de revisão/renegociação», afirmou.
O Governo anunciou medidas de apoio à economia e à promoção do emprego «completamente inúteis ou inócuas», considerou, com excepção do IVA em caixa, que os comunistas já tinham proposto no ano passado e que foi chumbado por PSD e PS no Orçamento do Estado de 2011.
Por outro lado, o Executivo «nada avança de concreto relativamente à questão central da falta de crédito, que está a fazer falir empresas viáveis, a paralisar a produção, a travar a exportação».
«Tudo o que se disser, sem resolver este problema, só pode ser foguetório e fumaça», defendeu, argumentando que «as medidas para dinamizar a economia e promover o emprego não passam de paliativos que se renovam ciclicamente com novas roupagens».
O secretário-geral do PCP condenou ainda as propostas do Governo nas leis laborais, afirmando que têm como objetivo «o alargamento selvático do conceito de despedimento com justa causa, visando a sua completa liberalização».
«Fingindo manter a exigência de justa causa o que o Governo quer é que qualquer causa seja 'justa' para despedir», afirmou.
Numas jornadas também dedicadas à política de saúde, o líder comunista atacou a ideia «falsa» e «perigosa» de que o ministro da Saúde «com menos dinheiro vai fazer mais e até pode fazer melhor», acusando Paulo Macedo de avançar para o co-pagamento «como parte integrante do processo de privatização do serviço público de saúde».