Em declarações à TSF, Rui Sousa, autarca da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, explica que "os habitantes já davam como certa a separação" e o veto de Marcelo Rebelo de Sousa "complica todo o processo"
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O veto do Presidente da República ao diploma da desagregação de freguesias, colheu de surpresa o autarca e a população da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, em Viana do Castelo, onde a união nunca foi pacífica desde 2013.
O autarca, Rui Sousa, confessa que não estava à espera da decisão de Marcelo Rebelo de Sousa e já não acredita que, face à situação, o processo seja levado avante.
“É uma realidade quenos apanhou a todos de surpresa, quer a mim, quer à população de Barroselas e Carvoeiro. É um tema que, desde que foi aprovado na Assembleia da República (AR), todos entendemos que ia haver efetivamente desagregação, mas este veto do senhor Presidente da República complica todo o processo”,declarou Rui Sousa, em declarações à TSF, defendendo: “Creio, no meu entender pessoal, que começa a não haver tempo para haver a desagregação neste futuro próximo.”
“O senhor Presidente da República alega que o timming que está descrito naquilo que foi votado em plenário já começa a ser escasso para haver desagregação. Ora, se o timming é escasso neste momento, depois do processo voltar à AR e voltar ao Marcelo, mais escasso será. Portanto, creio que dificilmente a desagregação irá acontecer”, confessa.
Recorde-se que, por iniciativa do autarca do Partido Socialista, Rui Sousa, a população de Barroselas e Carvoeiro teve oportunidade de votar para decidir, num referendo local realizado em agosto de 2022, a continuidade de uma união de freguesias que nunca foi pacífica. Na altura, o sim venceu, mas o resultado não foi superior a 50% e por isso não foi vinculativo. Com a aprovação recente do processo de desagregação, afirma o autarca local, os habitantes já davam como certa a separação.
“As pessoas já tinham assumido no seu pensamento que a desagregação era uma certeza e muito honestamente, pessoalmente, eu entendi também que era uma certeza. Sabíamos que o processo tinha de passar pelo senhor Presidente da República e que havia sempre uma possibilidade - pensava eu que muito remota - do veto, mas na verdade apanhou-nos a todos completamente de surpresa”, sublinhou, considerando que “para muita gente será um balde de água fria”. E concluiu: “O Presidente da República tem aqui um poder excecional sobre este processo e temos de aguardar os próximos dias.”
Francisco Faria, habitante de Carvoeiro, opinava esta quinta-feira de manhã, que “já se sentia no povo que caminhávamos novamente para cada um seguir o seu destino, com freguesias distintas como éramos antigamente”. “Ontem quando ouvi a notícia [do veto do Presidente da República], senti assim um pouco uma pequena desilusão”, disse.
Já o seu parceiro de conversa matinal, no centro da freguesia de Barroselas, Francisco Campos, considerou que Marcelo Rebelo de Sousa tomou a decisão sem conhecimento de causa.
“Não sou daqui, mas já há muito que ouço que a maioria das pessoas não estava de acordo com Barroselas e Carvoeiro juntas, queriam desagregar. Quanto a mim, acho que foi um balde de água fria”, defendeu, afirmando: “O Presidente da República devia estar bem dentro do assunto primeiro e depois então decidir. Não quer dizer que noutro lado não esteja bem, mas aqui não está. Acho que foi uma má decisão.”
