Viana do Castelo vai ter centro europeu de robôs marítimos. Custa 8,5 milhões de euros
Novo centro "vai possibilitar a validação de soluções robóticas nas condições climatéricas mais extremas do Oceano Atlântico
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Um investimento de 8,5 milhões de euros, em três anos, vai criar em Viana do Castelo o primeiro centro europeu para testar robôs em parques eólicos flutuantes, informou esta terça-feira o consórcio internacional responsável pelo projeto Atlantis.
O "primeiro centro europeu de teste de robôs marítimos em ambiente real" será criado no Windfloat Atlantic, o primeiro parque eólico flutuante da Europa continental, que começou a ser instalado, em outubro, a 20 quilómetros ao largo de Viana do Castelo pelo consórcio Windplus.
O novo centro "vai possibilitar a validação de soluções robóticas nas condições climatéricas mais extremas do Oceano Atlântico, em especial nos trabalhos de inspeção e manutenção das infraestruturas eólicas 'offshore'".
Em nota enviada à imprensa, o consórcio constituído pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), a EDP (NEW - Centre For New Energy Technologies) e mais oito parceiros, de cinco países, adiantou que o Atlantis "permitirá quantificar o valor acrescentado de nova tecnologia robótica e acelerar a sua integração no setor da energia eólica marítima".
"O projeto assenta numa verdadeira simbiose entre as indústrias da energia e da robótica marinha. Este centro de inovação terá uma importância estratégica para o roteiro científico da robótica em toda a Europa", destacou Andry Maykol Pinto, coordenador do projeto e investigador no INESC TEC, citado na nota.
A atividade do Atlantis estará centrada "na inspeção, manutenção e reparação de infraestruturas eólicas 'offshore', onde diversos robôs autónomos (subaquáticos, de superfície e aéreos) serão desenvolvidos e testados em diversos cenários industriais, como, por exemplo, na inspeção de cabos de amarração, monitorização de estruturas subaquáticas ou na limpeza de turbinas".
A "utilização de soluções robóticas neste setor pretende mitigar riscos e diminuir os custos de operação e manutenção dos parques eólicos 'offshore', nomeadamente em águas profundas, contribuindo também para a redução do custo normalizado de energia (Levelized Cost of Energy)".
O centro a criar "utilizará o parque WindFloat Atlantic para validar e demonstrar aplicações robóticas, desenvolvidas por centros de investigação ou por empresas tecnológicas, membros do consórcio, que contribuam para a sustentabilidade do setor".
"O Atlantis Test Center será uma excelente oportunidade para as pequenas e médias empresas (PME) que desenvolvam tecnologias capazes de reforçar a sustentabilidade do setor eólico marítimo, pois terão a possibilidade de avaliarem experimentalmente os seus produtos, e adequarem a sua oferta às necessidades e expectativas de um mercado emergente", acrescentou Andry Maykol Pinto.
Em causa está o Windfloat Atlantic (WFA), um projeto de uma central eólica 'offshore' (no mar), em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.
As três turbinas que compõem o parque eólico, sendo que duas já estão montadas em plataformas flutuantes ancoradas no leito do mar, terão no seu conjunto uma capacidade instalada de 25 MW (megawatts), o equivalente à energia consumida por 60.000 habitações por ano.
Para o diretor de I&D da EDP, João Maciel, também citado naquela nota, referiu que aquele parque eólico flutuante "é um passo de gigante na criação de novos mercados para as energias renováveis e, em particular, para o setor eólico".
"O projeto Atlantis é estratégico para a empresa porque aposta num dos vetores centrais que contribuirá decisivamente para aumentar a competitividade do eólico offshore flutuante: a operação e manutenção inovadoras, criando novas opções viáveis para a descarbonização do sistema energético e da sociedade", reforçou João Maciel.
O projeto é financiado pelo H2020 - Programa Quadro para a Investigação e Inovação.
O consórcio envolvido no projeto inclui, além do INESC TEC e da EDP NEW Center For New EnergyTechnologies, a Teknologian Tutkimuskeskus VTT e ABB OY (Finlândia), Principle Power France e ECA Robotics(França), Space Application Services NV (Bélgica), IQUA Robotics e Universitat de Girona (Espanha) e RINA Consulting SPA (Itália).