Viciados em raspadinhas pedem ajuda a médicos, mas não procuram centros de dependências
Diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências diz que raspadinhas alimentam a "compulsão em continuar a jogar".
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Ainda são poucos os pedidos de ajuda para combater o vicio de jogar na raspadinha que chegam ao Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).
Um estudo publicado esta sexta-feira na revista The Lancet Psychiatry aponta o consumo de raspadinhas como "uma ameaça negligenciada" que está a provocar um aumento dos casos de jogo patológico em Portugal.
Segundo os psiquiatras Daniela Vilaverde e Pedro Morgado, responsáveis pelo estudo, há cada vez mais pacientes a procurar ajuda médica para o vício do jogo associado às raspadinhas.
"Em regra, os doentes chegam à consulta trazidos por familiares depois terem consumido todas as poupanças da família ou estarem com dívidas absolutamente incomportáveis", relata Pedro Morgado.
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Pelo contrário, não se registam "casos significativos de pedidos de ajuda nos centros dedicados às dependências", afirma o diretor-geral do SICAD, José Goulão, em declarações à TSF.
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Em linha com o apontado pelo estudo divulgado esta sexta-feira, responsável do SICAD alerta para os riscos de um jogo de apostas em que os resultados são conhecidos de imediato.
"As probabilidades de que se desenvolva uma compulsão em continuar a jogar são superiores àquilo que acontece com outros jogos em que o resultado é conhecido com algum atraso."
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João Goulão defende que é necessário educar a população para prevenir o desenvolvimento do vício, além de limitar a publicidade a este jogo.
Os portugueses gastam em média 160 euros por ano em raspadinhas, muito mais que os espanhóis, onde o investimento neste tipo de jogo de apostas ronda os 14 euros. As vendas chegaram aos 1594 milhões de euros em 2018.
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