A psicóloga clínica Isabel Trindade acredita que a pandemia pode acabar por trazer mais hábitos de vida ativa e de exercício em Portugal mas defende que é através das rotinas - novas ou antigas - que se consegue trazer tranquilidade ao dia-a-dia.
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Com a pandemia a obrigar ao confinamento e ao resguardo social, a vida ativa e o exercício podem ficar para segundo plano mas se, por um lado, ir ao ginásio deixou de fazer parte da rotina de alguns, a psicóloga clínica Isabel Trindade considera que o exercício físico passou a entrar para a lista de prioridades de muitos.
"Quando esta pandemia acabar, se calhar vamos ter mais hábitos de vida ativa do que tínhamos antes", afirma.
Uma vida ativa é essencial para a saúde física e mental e isso nem sempre passa por exercício está também relacionado com rotinas que se alteraram e que davam um significado ao dia-a-dia.
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A psicóloga clínica defende que "o que interessa é que nos ativemos", através de objetivos definidos que ajudam a superar muito do stress vivido durante a pandemia. Para a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, esse stress pode ser controlado através da criação de novas rotinas.
"Quais eram as nossas rotinas e como é que as vamos adaptar nesta situação?", questiona Isabel Trindade, sublinhando que é importante criar novos hábitos que "nos fazem levantar de manhã à mesma hora, tomar o banho, arranjar, não ficar ali em pijama todo o dia".
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A psicóloga clínica pede atenção a quem está mais isolado e indica que caso "um familiar, um amigo, um colega esteja muito fechado na sua concha", é preciso ouvir com paciência e deixar falar.
"Não dizer-lhe: 'tira lá essas ideias da cabeça, não penses nisso' ou 'não penses nisso, vai-se resolver tudo.' Eu diria que, do ponto de vista psicológico, isso é a pior coisa que podemos fazer porque estamos a confrontar o outro com as suas frustrações. Vale mais deixar falar a pessoa e só o falar já é bom".
Nestes casos, Isabel Trindade aconselha a desafiar o outro para "pequeninas coisas" através da internet ou de pequenos encontros. "Tudo o que nos tire do marasmo e nos volte a dar vontade de estar na vida, de lutar por alguma coisa".
A psicóloga clínica considera que se não for possível inverter a apatia, recomenda ajuda profissional que ajude no regresso à vida ativa para contrariar a solidão e promover uma boa saúde mental.