"Vida Justa" quer "coragem política" do Governo para enfrentar problema da habitação
Dois protestos contra o aumento do custo de vida e pelo direito à habitação estão marcados para o dia em que o Conselho de Ministros anuncia medidas de ajuda para combater a subida das rendas e dos juros.
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Esta quinta-feira, quando baterem as 12h00, o movimento "Vida Justa" quer ver reunidos centenas de manifestantes em frente ao Conselho de Ministros dedicado à habitação, em Algés.
Andreia Galvão, porta-voz do movimento, diz que as políticas que o Governo tem adotado são "ilusórias" e "insuficientes": "Com a mesma mão o Governo entrega casas para habitação ao mercado e à especulação e com a outra tenta criar políticas que têm sido insuficientes. É poeira para os olhos, as políticas não respondem estruturalmente ao problema da habitação. O incêndio na Mouraria revelou mesmo isso, que as pessoas que vivem situações mais precárias estão numa situação habitacional dramática."
Para inverter o cenário "precário" descrito por uma das organizadoras, o movimento "Vida Justa" pede ao Governo "coragem política" para enfrentar o problema da habitação e sugere algumas medidas: "Apostar num programa real de construção pública e cooperativa, tomar medidas de mitigação do aumento dos juros dos empréstimos das casas e tomar medidas para as cerca de 730 mil casas devolutas em Portugal, que podem ser usadas para habitação."
O movimento "Vida Justa" reúne alguns dos elementos que criaram o Que se Lixe a Troika, em 2012. Andreia Galvão admite que este movimento pode "servir de gatilho a uma manifestação maior". Mas certezas só dia 25 de fevereiro, data em que está agendado um protesto que volta a colocar os temas da habitação, aumento dos salários e do custo de vida na boca de centenas de manifestantes que vão descer do Marquês de Pombal a São Bento.
"Dia 25 de fevereiro vamos fazer uma avaliação do descontentamento geral da população. Vamos reivindicar três grandes medidas que não incluem só habitação, também a limitação dos preços dos bens essenciais e salários que sirvam para viver", explica uma das organizadoras do movimento.
Acampamento pelo direito à habitação em frente à sede da Caixa Geral de Depósitos
Da parte da tarde, às 18h, a sede da Caixa Geral de Depósitos vai servir de pano de fundo a um acampamento "simbólico" pelo direito à habitação. O local para montar as tendas foi escolhido por um outro movimento "Os Mesmos de Sempre a Pagar, Contra o Aumento do Custo de Vida" e Pedro Lago, da organização explica que o "banco público" tem "obrigações".
"O nosso objetivo é sensibilizar a Caixa Geral de Depósitos para que seja um exemplo para a restante banca. Nós propomos concretamente que Caixa Geral de Depósitos impusesse uma taxa de 0,25 de spread, para servir de exemplo à restante banca", adianta Pedro Lago, porta-voz do movimento. Além do acampamento, em Lisboa, hoje decorrem outras ações, em Braga, Coimbra e Covilhã.