"Vidas que se perdem ou transformam para sempre." Vítimas alertam condutores para riscos na estrada
Na data em que se assinala o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, a Associação Salvador juntou-se à Polícia de Segurança Pública para uma ação de sensibilização contra o perigo na estrada.
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Foi há 40 anos que Luís Rodrigues sofreu um acidente que lhe mudou a vida. "Foi numa pequena falta de sorte. Ia de mota, não tinha capacete, o pneu da frente rebentou, dei duas ou três cambalhotas e fiquei neste estado: paraplégico", conta à TSF.
Hoje, com 58 anos, Luís sabe que podia ter evitado a situação. Por isso é embaixador da Associação Salvador, uma instituição de solidariedade social que atua na área da deficiência motora, e, esta segunda-feira, para assinalar o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, participa nesta ação com o intuito de alertar os condutores para os comportamentos de risco na estrada.
"Estamos aqui a sensibilizar as pessoas para como é importante terem muita atenção à velocidade e à bebida em excesso, porque situações destas podem acontecer a qualquer um", declara.
Luís é um dos vários embaixadores da associação que, depois de ficarem com sequelas após acidentes rodoviários, agora procuram dar um contributo para a segurança na estrada, ao contarem as suas histórias. Nesta ação, em parceria com a Polícia de Segurança Pública (PSP), que envolveu uma Operação Stop com direito a radar, os condutores puderam ouvir, na primeira pessoa, sobre as consequências dos riscos na condução.
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"Ao olharem-nos, ao verem a nossa condição física, vão refletir", explica Luís, "e, de certeza absoluta, vão pensar duas vezes que podem, de repente, estragar a própria vida e estragar a vida a outros." Foi precisamente o que aconteceu a Felismina Gomes, de 57 anos, outra embaixadora da Associação Salvador que participa nesta ação de sensibilização. Há cinco anos, foi atropelada por um autocarro e não voltou a andar, por isso sublinha a importância de chamar a atenção de quem conduz.
"Estamos aqui para alertar para o perigo que é a velocidade, a distração, ou o não respeitar um sinal. Muitas vezes, faz com que uma vida se perca ou uma vida se transforme para sempre", sustenta Felismina.
Ao final da manhã, o balanço da campanha foi positivo. "Tivemos uma boa aceitação, as pessoas estão mobilizadas e, quando nos veem, têm uma outra perceção da realidade", afirma.
Em Portugal, 82% dos acidentes têm causa humana. O excesso de velocidade é a principal causa para as mortes na estrada.