"Temos medo." Vila Praia de Âncora enfrenta surto de legionella ainda sem foco identificado
Autoridade de saúde do Alto Minho espera esta sexta-feira resultados de análises do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Esta quarta-feira dois doentes hospitalizados tiveram alta.
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Maria Helena, 68 anos de idade, foi submetida recentemente a um transplante de fígado e por estes dias sai à rua em Vila Praia de Âncora de máscara.
Não esconde o medo da Legionella. Sete habitantes do concelho de Caminha, dos quais cinco no centro daquela localidade, estão infetados com a bactéria e ainda não há uma explicação para o surto.
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"Ai, não, não temos medo. Eu tenho. A gente não sabe o que é que vem. Vem cada uma. A gente já veio do Covid...", comenta Maria Helena.
A autoridade de saúde do Alto Minho espera conhecer ainda esta sexta-feira os resultados de análises do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), às colheitas que foram feitas em vários pontos do concelho de Caminha nos últimos dois dias.
"As colheitas terminaram na [quinta-feira] e, tudo depende do laboratório, mas é previsível que haja resultados na sexta-feira", disse esta quinta-feira o delegado de saúde Luís Delgado, considerando que "este surto de Vila Praia de Âncora está a correr favoravelmente para os doentes e para os cidadãos".
"Não há novos casos, além dos sete. E dos doentes que estão internados, já temos duas altas e os restantes estão bem, melhoraram", indicou, referindo que dos quatro doentes ainda internados no hospital de Viana do Castelo, um continua nos cuidados intensivos, mas "melhorou bastante". Recorde-se que os infetados são pessoas entre os 54 e 87 anos de idade e estão distribuídos por três freguesias, Vila Praia de Âncora (5), Moledo (1) e Viralelho (1).
Questionado sobre se em Caminha está prevista a tomada de medidas como aconteceu em Matosinhos, com encerramento da EB 2,3 de Leça do Balio, Luís Delgado, respondeu: "Aqui não há necessidade de encerramento de equipamentos. [o surto em Caminha] É uma situação diferente da do cluster de Matosinhos."
Enquanto isso, a população de Vila Praia de Âncora, que concentra o maior número de casos, continua inquieta e em suspenso à espera de uma explicação para o facto de a Legionella lhe ter batido à porta.
"Estou mais preocupada porque não sabemos onde está localizada. Ao andar na rua e ao entrar nos diversos estabelecimentos, não sei se está ali o foco. Sei que a minha filha que é enfermeira, me manda andar sempre de máscara e não abrir as janelas", conta Olívia, acrescentando: "Hoje facilitei mais um bocadinho por causa do sol, mas tenho tido esses cuidados".
O marido Manuel mostra-se menos preocupado, mas consciente. "Não tenho medo, mas ainda estou mais sujeito que ela, porque sou doente oncológico e se me dá (a Legionella) manda-me para o outro lado", disse, comentando que, nesta saída à rua "por causa do sol", notou "menos movimento" e, quando foi ao supermercado, deparou-se "com três pessoas com máscara".
Luis Matias, secretário da junta de freguesia, que se sentou junto à praia, a conversar com o casal, confirma: "Noto que andam menos pessoas na rua e algumas de máscara. Enquanto não souberem onde está localizada a Legionella, as pessoas vão andar sempre com mais cuidados."