Este ano, o peditório, que tradicionalmente é feito durante a Queima, reverterá para as vítimas do ciclone Idai, em Moçambique.
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É uma tradição com duas décadas em Tondela. No sábado de Páscoa, no fim da missa na cidade, cumpre-se o ritual. O Judas vai ser queimado em praça pública, num espetáculo de teatro comunitário promovido pela ACERT.
Este ano a peça tem como tema a violência, não esquecendo aquela que é exercida contra as mulheres, que tanta tinta tem feito correr por causa das polémicas decisões dos tribunais.
"A grande massa das pessoas violentadas são as mulheres, não só na família, como no trabalho e focamos também simbolicamente essa violência", afirma Pompeu José, o coordenador do espetáculo, acrescentando que a Queima e Rebentamento do Judas versa também outras formas de agressão, dentro e fora do país.
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"Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti" é o subtítulo da peça. "Penso que ainda há uma mentalidade que aceita isso e a essência está aí, na aceitação de que uma palmada no rabo pode ser o sinal de o início de um processo violento de solução dos problemas", refere Pompeu José.
Com a escolha desta problemática, a ACERT quer por o público que assiste ao espetáculo a pensar, mas também os próprios participantes que são elementos da comunidade, sobretudo jovens.
Mimi Fontes, uma das 200 pessoas que participa no ritual, aplaude a escolha do tema que diz vem "na altura certa". Já Bruno Pereira espera o Judas ajude a "chamar a atenção" para o problema e "a motivar mais pessoas a sentirem-se fortes para lutar" contra a violência.
Este ano, o peditório, que tradicionalmente é feito durante a Queima, reverterá para as vítimas do ciclone Idai, em Moçambique.