Violência no parto: 30% das mulheres em Portugal foi vítima de abusos físicos ou psicológicos
Dia Internacional da Parteira, dedicado também aos enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica, assinala-se esta quarta-feira.
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Portugal é dos países europeus com taxas mais altas de intervenções no parto, com 30% das mulheres a afirmarem ter sido vítimas de abusos ou discriminação durante o parto.
Há queixas de maus-tratos verbais e físicos, mas também formas de violência mais "subtis" e difíceis de identificar, como a violência simbólica e a coação.
"Em Portugal é muito frequente as mulheres queixarem-se que se sentem tratadas como um objeto, como se não tivessem nada a dizer sobre o seu próprio parto", conta à TSF com a Catarina Barata, membro da direção da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto.
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A solidão é outro problema frequente, que se agravou com a pandemia, aponta, assim como a "imobilidade forçada" - quando os profissionais de saúde obrigam as mulheres a manter-se deitadas, apesar de os especialistas indicarem que a movimentação é importante no trabalho de parto.
Há mulheres a desistirem de serem mães pela segunda devido a experiências traumáticas durante a primeira gravidez e, em casos mais graves, a violência obstétrica pode levar a depressões pós-parto e stress pós-traumático.
"Há mulheres que se sentem culpadas pela forma como o seu parto correu" e só mais tarde descobrem que outras mulheres sofreram experiencias semelhantes.
Como é que as mães se podem defender? "Informação é poder", lembra Catarina Barata, as mulheres devem conhecer os seus direitos e o processo, mas "o paradigma de assistência também tem de mudar."
Catarina Barata é também antropóloga e está a desenvolver um projeto de investigação sobre violência obstétrica. Há cada vez mais mulheres a questionarem a forma como se nasce em Portugal, nota.