Visão chega às bancas com menos páginas e organização diferente devido à greve
Em declarações à TSF, a delegada sindical da revista fala numa "tentativa de minimizar a luta dos trabalhadores" e num "mau serviço aos leitores"
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A revista Visão vai chegar às bancas, esta quinta-feira, com menos páginas e com uma organização diferente da habitual devido à greve dos trabalhadores da Trust in News (TiN), com salários em atraso. Os trabalhadores da Visão lamentam a decisão de publicar a revista, quando cerca de 80% dos trabalhadores estão em greve. Em declarações à TSF, a delegada sindical da Visão, Clara Teixeira entende que esta é uma tentativa de minimizar a luta dos trabalhadores e um mau serviço aos leitores.
"Além dessa tentativa de minimizar o impacto desta greve com uma forte adesão nas redações, é também prestar um mau serviço aos leitores. A revista Visão chega às bancas com menos páginas, com artigos intemporais que estavam preparados há já algum tempo sem a atualidade noticiosa que se impunha. Sai também com artigos que são republicações. E, além do mais, tem outra particularidade que nos desagrada bastante: é também publicada com recurso, por exemplo, a fotografias de fotojornalistas que aderiram à greve. Acho que, acima de tudo, são os leitores da Visão que vão ficar mal servidos e eles merecem sempre o melhor de nós, obviamente", explica à TSF Clara Teixeira, admitindo que os trabalhadores da Visão podem endurecer as formas de luta.
"Nós em breve teremos de reunir os trabalhadores e decidir aquilo que continuaremos a fazer. Recordo que quando esta greve foi convocada, outras formas de luta estiveram em cima da mesa, nomeadamente suspender ou rescindir contratos de trabalho com justa causa. Penso que poderá ser este o momento de decidir o que faremos a seguir, mas serão certamente forma de luta mais duras", sublinha.
“[…] À direção da Visão apenas restavam duas alternativas. Uma era a de se demitir e, dessa forma, impedir na prática a saída desta edição. A outra era a de se manter em funções e adaptar o planeamento da revista à nova realidade, fazendo uma edição com menos páginas e uma organização diferente da habitual”, lê-se no editorial da revista, a que a Lusa teve acesso.
De acordo com o texto, assinado por Rui Tavares Guedes (diretor), Filipe Luís e Alexandra Correia (subdiretores), a escolha recaiu sob a segunda opção para tentar salvar a revista do seu “encerramento imediato” devido à falta de receitas da venda em banca.
Esta edição da revista foi exclusivamente feita pelos profissionais que “em total liberdade decidiram aparecer”.
A direção sublinhou que a Visão é independente do poder político, económico e de quaisquer grupos de pressão, garantindo que o seu compromisso é para com os leitores e assinantes.
“É por eles que queremos continuar a trabalhar e a perseguir a nossa missão de um jornalismo de qualidade, isento e rigoroso. Sabemos que isso só é possível com uma redação empenhada, competente e experiente como a da Visão – que precisa de ser paga, justamente, a tempo e horas”, assinalou.
Os trabalhadores da TiN iniciaram no dia 20 de junho uma greve por tempo indeterminado devido aos salários e subsídios em atraso.
A revista Caras, outro dos títulos do grupo, vai sair para as bancas na quinta-feira, um dia depois do previsto, devido ao atraso no fecho da edição causado pela greve, avançou hoje fonte da empresa.
Fundada em 2017, a TiN é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e plataformas digitais.
