Viseu e Évora sem "meio de socorro rápido e diferenciado". Autarcas "não percebem" decisão do INEM
Os municípios estão empenhados em perceber o que podem "esperar no próximo ano".
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Os autarcas de Viseu e de Évora confessaram esta sexta-fera não compreender a paragem noturna, a partir do dia 1 de janeiro, dos helicópteros do INEM estacionados nos respetivos concelhos.
A decisão foi anunciada esta quinta-feira pelo presidente do INEM, que acrescentou que a situação pode arrastar-se durante 6 meses.
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O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, mostrou-se perplexo perante a situação atual, sublinhando que a infraestrutura onde os veículos se encontram é suportada pelo próprio município.
"Eu falo do aeródromo municipal. Nós disponibilizamos o espaço, contribuímos com a segurança no levantamento dos voos e, depois, o que recebemos em troca é a diminuição do serviço, numa altura em que as questões da saúde estão na primeira ordem do dia. São tudo notícias negativas no final de ano que, com certeza, será ainda mais complicado para esta zona do território", lamenta, em declarações à TSF.
O INEM explicou que, em vez dos helicópteros, à noite vai ser utilizada uma viatura médica de emergência e reanimação. Fernando Ruas teme que esteja em causa o socorro às populações e fala de um remendo incompreensível.
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"Toda a gente sabe que o socorro é diferente se for meio-aéreo - é muito mais rápido - e é por isso que eles o criaram. Agora, fazê-lo através da rodovia, se calhar, alguém vai ter de explicar esta situação complicada como está o IP3 na ligação a Coimbra. Será sempre tentar remendar, com alguma dificuldade, uma situação que se cria e que se gera e que foi o INEM que a decidiu. Não percebemos porque é que se toma uma decisão para depois remendar", atira.
O presidente, que quer perceber, ao certo, por quanto tempo é que esta situação se vai prolongar, adianta que o município já está a tentar obter informações mais detalhadas sobre esta decisão.
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"O meu vice-presidente, que é quem tem o pelouro desta questão da Proteção Civil e da Saúde, já entrou em contacto com os responsáveis para averiguar a situação. Se é mesmo para continuar, mesmo nós dizendo-lhes que continuamos a disponibilizar com todos os encargos que isso tem, uma infraestrutura que nós suportamos e que gostaríamos de ver uma contrapartida do outro lado. Vamos tentar averiguar e saber se é exatamente isto que podemos esperar no próximo ano", revela.
Em Évora, o vice-presidente com o pelouro da Protecção Civil, Alexandre Varelas, lamenta que a câmara não tenha sido informada sobre esta decisão e aponta que, mesmo que tivesse havido um contacto prévio, isso "não adiantaria absolutamente nada".
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"Não houve nenhum contacto prévio, houve apenas uma tentativa de contacto ontem [quinta-feira] já à tarde com o presidente da Câmara Municipal, mas, de qualquer das formas, não adiantaria absolutamente nada, não haveria possibilidade de alterar fosse o que fosse, porque as decisões já estavam tomadas tanto quanto percebi e através da comunicação social. Só temos de lamentar o facto de as populações, que estão abrangidas por este helicóptero, deixarem de ter um meio de socorro rápido e muito diferenciado - porque é disso que estamos a falar - numa situação aguda e é isso que temos a lamentar", afirma, à TSF.
O município de Évora destaca que também quer obter explicações sobre a nova realidade, a fim de perceber "qual é que é a extensão deste problema".
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"Queremos perceber se há aqui alguma possibilidade de reversão e depois tomaremos as devidas ilações e, se necessário, tomaremos também posições publicamente", garante.
A partir de 1 de janeiro, os helicópteros do INEM estacionados em Viseu e em Évora não voam à noite. Os outros dois, que estão em Loulé e em Macedo de Cavaleiros,
continuam a funcionar 24 horas por dia.
No anúncio feito na quinta-feira, o INEM explicou que o ajuste resulta de, numa consulta de mercado, o instituto só ter recebido duas respostas, uma delas com a solução que se vai implementar a partir de janeiro.
O presidente do INEM, Luís Meira, explicou que o valor disponível para este serviço passou de 7,5 para 12 milhões de euros anuais e que, na consulta pública que foi feita para manter o serviço até ao fim de um concurso internacional que vai acontecer, das duas empresas que responderam, uma apresentou valores acima dos limites e a outra, a atual, disse que só poderia manter dois helicópteros 24 horas por dia.