Visita de Marcelo a Kiev vai traduzir-se em novos apoios? "Trazemos solidariedade do povo português"
O ministro dos Negócios Estrangeiros participou, juntamente com o Presidente da República, na Conferência da Plataforma da Crimeia.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, descartou para já novas ofertas de apoio de Portugal à Ucrânia. À saída da Conferência da Plataforma da Crimeia, que durou mais de duas horas e em que Marcelo Rebelo de Sousa também participou, Cravinho afirmou que o país traz apenas uma "manifestação mutíssimo importante de solidariedade do povo português".
"Trazemos uma manifestação mutíssimo importante de solidariedade do povo português. Colocaram o nosso Presidente da República como primeiro orador nesta conferência, que é um sinal de agradecimento em relação a tudo o que Portugal tem feito. O nosso apoio à Ucrânia processa-se em quatro frentes - política, diplomática, militar e financeira - e continuaremos a apoiar sempre que tivermos uma nova possibilidade", garantiu João Gomes Cravinho, em declarações à RTP, no final da conferência que reuniu dezenas de líderes políticos.
Para o ministro português, a principal conclusão desta conferência foi o facto de, atualmente, todos os países compreenderem que a invasão da Crimeia por parte da Rússia foi o "prenúncio de algo ainda mais violento e agressivo" como a guerra na Ucrânia.
"Isso significa que os 43 países que estiveram com a Ucrânia em 2021, a dizer que a Crimeia faz parte do território da Ucrânia e isso deve ser respeitado, hoje em dia quase duplicaram porque entretanto todos perceberam que isto faz parte de um padrão e não que a anexação serviu como uma forma de apaziguar. Só há uma forma possível: apoiar a plena integridade territorial da Ucrânia, incluíndo a Crimeia", defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Sobre a ajuda de Portugal na desminagem do Mar Negro, Cravinho afirmou que ainda não há qualquer missão definida.
"Vimos como a Rússia saiu do acordo para o escoamento de cereais do Mar Negro, basicamente por razões de interesse próprio. Uma atitude extremamente cínica e prejudicial para os países mais pobres. Portanto é preciso encontrar um mecanismo para que o Mar Negro seja seguro para o escoamento de cereais. Essa missão ainda não está definida. Portugal tem alguns meios, mas só participaria no quadro de uma missão muito bem definida e com a devida autoridade por parte das Nações Unidas e da NATO. Estamos abertos a trabalhar com aliados, outros parceiros e a própria Ucrânia para identificar como se poderia desenvolver uma missão que assegurasse a liberdade de circulação no Mar Negro", acrescentou.
O Presidente da República pediu na terça-feira autorização à Assembleia da República para visitar a Ucrânia durante esta semana. O pedido foi feito a partir de Varsóvia, onde o chefe de Estado se encontrava em visita oficial e de onde partiu ao final da noite de terça-feira rumo a Kiev.