A Câmara Municipal de Lisboa anunciou hoje que a Polícia Judiciária realizou buscas na quarta-feira a «um posto de trabalho individual de um colaborador», sem especificar a pessoa em causa.
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A nota enviada à agência Lusa pela assessoria do presidente da autarquia surge na sequência da notícia avançada hoje à noite pela estação de televisão SIC, segundo a qual a CML também foi alvo de buscas no âmbito da operação conhecida como "vistos 'gold'".
De acordo com a nota, as buscas foram realizadas pelas 09:30, dando cumprimento a uma decisão judicial de «mandado de busca e apreensão» ao posto de trabalho do colaborador da autarquia.
No comunicado, a Câmara de Lisboa adianta ainda que «foram pela PJ recolhidos no posto de trabalho em causa todos os elementos de prova que entenderam por conveniente» e que «os serviços do município prestaram toda a colaboração que lhes foi solicitada» pela polícia.
A SIC noticiou que os inspetores da Polícia Judiciária «procuraram todas as comunicações entre o departamento de Gestão de Património Municipal e António Figueiredo, ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado», que se encontra em prisão preventiva no âmbito da Operação Labirinto, aos vistos 'gold'.
António Figueiredo é um dos altos quadros do Estado que se encontra detido, tal como Manuel Jarmela Palos, ex-diretor nacional do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, e Maria Antónia Anes, ex-secretária-geral do Ministério da Justiça.
A Operação Labirinto, uma investigação relacionada com a atribuição dos vistos 'gold', resultou já na detenção de 11 pessoas, cinco das quais ficaram em prisão preventiva, embora três possam ver a medida convertida em pulseira eletrónica.
A operação investiga eventuais crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder e tráfico de influência.
O programa de vistos 'gold', criado em 2012, prevê a emissão de autorizações de residência em Portugal, com acesso ao espaço Schengen, a estrangeiros oriundos de fora da União Europeia que criem dez ou mais postos de trabalho em Portugal, comprem imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros ou façam transferências de capitais de pelo menos um milhão de euros.