De novembro de 2014 a dezembro de 2015 a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) abriu mais de 2300 processos a partir dos contactos para a linha. Vítimas de violência doméstica são as que mais telefonam.
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A maioria das chamadas que chegam à Linha de Apoio à Vítima da APAV refere-se a maus-tratos físicos e psíquicos, no âmbito da violência doméstica.
De acordo com as "Estatísticas da Linha de Apoio à Vítima" desde que a linha telefónica foi lançada, em novembro de 2014 e até dezembro de 2015 a APAV atendeu 3.819 chamadas - uma média de 17 chamadas por dia. Neste período, o serviço da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima abriu 2303 novos processos de apoio.
Os dados, divulgados esta segunda-feira, mostram que o crime contra as pessoas motivou 95,1% das chamadas, 66,4% das quais foram por maus-tratos físicos e psíquicos, no âmbito da violência doméstica, 3,7% por ameaça/coação e 3,1% por ofensas à integridade física.
A APAV analisou as 1973 vítimas de crimes registados neste período e traçou o perfil da vítima e do autor do crime. A maior parte das vítimas (84%) são mulheres, com uma média de idade de 46 anos, casadas ou a viver em união de facto (59%), sendo que a maioria (51%) vive numa família nuclear com filhos, 47% têm o ensino superior e 43% estão empregadas.
Dos 310 casos em que a vítima era homem, a APAV constatou que tinham uma média de idade de 44 anos, 46% eram casados ou viviam em união de facto, 44% viviam numa família nuclear com filhos. Os dados indicam ainda que 48,8% destes homens tinham abaixo dos 12 anos de escolaridade e 31,5% estavam empregados.
Relativamente às 103 crianças e jovens que foram vítimas de crime, 60% eram meninas, com uma média de idades de 11 anos, sendo que um quarto frequentava o primeiro ciclo, 13%, o segundo ciclo e 7%, o terceiro ciclo.
No caso dos idosos, que totalizaram 286 casos, 81% eram mulheres, com uma média de idade de 77 anos, 62% eram casados ou viviam em união de facto e 25% viúvos. Segundo as estatísticas, 41% viviam numa família nuclear com filhos, 86% tinham o ensino superior e 93% estavam reformados.
Sobre o perfil do agressor, a APAV refere que 83% são homens, com uma média de idade de 45 anos, 67% são casados ou vivem em união de facto, 54% tinham o ensino superior, 55% estavam empregados, 67% não tinham antecedentes criminais e 28,9% eram cônjuges da vítima.
A maior parte das chamadas para o serviço de atendimento telefónico, da APAV foi feita pela vítima (68,1,%), seguindo-se os familiares (21,2%), os amigos e conhecidos (13,3%).
Lançada a 17 de novembro de 2014, a linha, que corresponde ao número de apoio à vítima europeu (116 006), trabalha numa rede de parcerias com entidades judiciárias e policiais, possibilitando um encaminhamento rápido da vítima para as entidades competentes.
Esta segunda-feira assinala-se o Dia Europeu da Vítima de Crime. Para marcar a data, a APAV lança uma campanha de sensibilização com o tema "A violência esconde-se no silêncio".
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