Vitória russa seria "prego no caixão da ordem internacional." MNE pede apoio "infatigável" à Ucrânia
João Gomes Cravinho admitiu que o cenário geopolítico mundial "é profundamente perturbador". A Rússia é "a maior ameaça" à ordem internacional. João Gomes Cravinho elogia trabalho dos diplomatas portugueses,
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João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu esta manhã na sua intervenção na abertura do Seminário Diplomático 2024, a continuação e o reforço do apoio à Ucrânia no sentido de ser conseguida "uma derrota russa", uma vez que "uma vitória da Rússia seria um prego no caixão da ordem internacional", acrescentando que "a Ucrânia deve ter apoio infatigável".
"Haver ou não haver uma ordem internacional é central para a nossa política externa", afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
Olhando para a realidade geopolítica, Cravinho admitiu que o cenário "é profundamente perturbador". Assumiu que tudo começou com o 11 de setembro de 2001, ou melhor, "com a resposta aos atentados". Afirmou que foi um em "erro catastrófico e irrealista a ocupação do Afeganistão". Mais "catastrófica ainda a invasão americana do Iraque"; duas décadas que, na opinião do MNE, tiveram "como único vencedor, o Irão".
Na intervenção de abertura do Seminário Diplomático 2024, João Gomes Cravinho, Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), agradeceu aos diplomatas e funcionários em Portugal "e nos 134 postos nos quatro cantos do mundo" o trabalho e dedicação que demonstraram no "difícil ano de 2023".
Percorrendo o século XXI, afirmou que na primeira década a ordem Internacional "perdeu força e credibilidade moral por erros próprios e falta de sensibilidade"; a segunda década foi "de oposição a essa ordem internacional em decadência"; era já o contexto a 24 de fevereiro de 2022, com a Rússia opositora a essa ordem de forma aberta e a China de forma mais ambígua. Para Moscovo, foi "A ordem internacional como algo que devia ser abatido".
A Rússia, afirmou, representa hoje a principal ameaça à ordem global. Já a China é vista como tendo uma "política de pequenos passos, mantendo "diálogo com os países ocidentais dependendo da matéria".
Cravinho prosseguiu, afirmando que "na primeira década deste século, a ordem Internacional perdeu força e credibilidade moral por erros próprios e falta de sensibilidade" ; a segunda década "foi de oposição a essa ordem internacional em decadência" e que, era ja este "o contexto a 24 de fevereiro de 2022", quando a Rússia invadiu a Ucrânia. A Russia vista como opositora a essa ordem de forma aberta, considerando a ordem internacional "algo que devia ser abatido". Cravinho não tem dúvidas: "A Russia Representa hoje a principal ameaça à ordem global".
Agora, diz, "vivemos um momento de dúvida", admitindo que a atual ordem internacional ainda possa durar mais uns anos, Para os tempos mais próximos, admitiu que as eleições em Taiwan, a 13 de janeiro, "podem significar "uma grande frente de preocupação internacional".
O Embaixador Freitas Ferraz, presidente do Insituto Diplomático, abriu este encontro anual dos diplomatas portugueses no mundo e anunciou a abertura de concurso para mais de trinta postos adidos de embaixada para os serviços internos do MNE.
Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, que acolhe o evento que decorre até amanhã, lembrou o antigo Presidente da República e amigo Mário Soares e a antecipação que o homem que chefiou governos e a diplomacia portuguesa fez do fim do regime após o falhado golpe das Caldas da Rainha. Monjardino disponibilizou as instalações da Fundação Oriente para as atividades do MNE no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.