"Vontade de luta." Greve dos trabalhadores não docentes com adesão “entre 85 e 90%”
O sindicalista Artur Sequeira nota que em Lisboa “a grande maioria das escolas estão fechadas”, sendo que o cenário se replica nos concelhos de Beja, Santarém e Porto
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A Federação dos Sindicatos dos Trabalhos em Funções Públicas e Sociais regista uma adesão entre os “85 e os 90%” à greve desta sexta-feira, afirmando que esta é uma ação “demonstrativa da vontade de luta da organização”.
Artur Sequeira, em declarações à TSF, garante que “escolas que não faziam greve há muitos anos voltaram a fazer” e adianta que, mesmo aquelas que abriram, estão a “funcionar com grandes dificuldades”.
“Há, de facto, uma adesão maciça a esta greve que não permitiu a abertura da grande maioria das escolas a nível nacional”, explica.
O sindicalista nota que em Lisboa “a grande maioria das escolas estão fechadas”, sendo que o cenário se replica nos concelhos de Beja, Santarém e Porto.
“Considerando este encerramento de escolas, estamos numa situação de greve entre os 85 e os 90%. Ainda não está fechado, temos muitos dados para recolher”, admite.
Artur Sequeira confessa estar confiante de que a ação desta sexta-feira seja “demonstrativa da vontade de luta da organização”.
“Com certeza não vêm todos os trabalhadores para Lisboa, mas esperamos um protesto bastante significativo e demonstrativo da vontade de luta da organização que os trabalhadores têm na defesa dos seus direitos, a melhores salários, a maior dignidade profissional, pelo aumento dos trabalhadores das escolas, contra a municipalização, por uma gestão democrática das escolas”, aponta.
O sindicalista sublinha que a atribuição de melhores salários e a melhoria das condições de trabalho são medidas “fundamentais” do caderno reivindicativo destes profissionais.
Na quarta-feira, Artur Sequeira, dirigente do FNSTFPS, antecipou uma greve muito participada, que levará ao encerramento da maioria das escolas, mantendo-se abertas apenas uma minoria que não conseguirá garantir a segurança dos alunos.
A FNSTFPS também pede uma revisão da portaria de rácios que aumente o número de trabalhadores, defendendo que é preciso desenhar uma portaria que "não seja baseada em princípios economicistas, mas sim em números reais para que a escola pública possa ser de qualidade".
O fim da precariedade e um reverso no processo de municipalização são lutas dos trabalhadores, que lembram que "neste momento, a escola pública tem uma leitura de 297 municípios, em que cada um vê a escola à sua maneira", além de as escolas estarem dependentes do orçamento das autarquias: "As que têm muito dinheiro podem fazer algumas coisas, mas depois há outras que não podem", alertou.
Na sequência do processo de descentralização, os trabalhadores não docentes passaram a ser contratados pelas autarquias, mas o próprio ministro da educação já defendeu a necessidade de repensar a situação desses profissionais.
Numa carta enviada aos não docentes no início do ano letivo, Fernando Alexandre referia que o seu ministério iniciará trabalhos com a Associação Nacional de Municípios Portugueses e com representantes sindicais.
