A posição foi minoritária no grupo parlamentar e a direção da bancada considerou esta uma "questão fiscal".
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Vencidos mas não convencidos, 40 deputados do PS vão votar a favor da proposta do Governo para aumentar o IVA nas touradas para a taxa máxima de 23% mas apenas por causa da disciplina de voto.
Em conferência de imprensa, 16 destes 40 deputados sublinharam o desacordo perante a proposta vincando que só vão viabilizar, "por disciplina".
"Vamos votar favoravelmente porque a isso estamos obrigados e porque não nos foi concedida liberdade de voto", admitiu a deputada Maria da Luz Rosinha, antiga autarca de Vila Franca de Xira. Estes deputados sublinham, no entanto, que "a questão não acaba aqui".
O que se apresenta como uma medida fiscal é, antes, uma posição de preconceito.
No ano passado, partiu da própria bancada do PS uma proposta que contrariava o aumento da taxa de IVA para as touradas. Só que, ao contrário da última legislatura, hoje, os deputados que estão contra a proposta já antes defendida pela ministra da Cultura, estão em desvantagem.
"Não houve maioria dentro do grupo parlamentar. Nós somos 108 e contamos apenas com o apoio de 40, logo temos uma regra interna que não permite avançar", constatou o deputado Pedro do Carmo.
De acordo com este grupo de deputados "houve mais do que uma reunião" com a direção da bancada socialista mas foi invocada a disciplina parlamentar por ser tratar de uma "questão fiscal".
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Na declaração lida durante a conferência de imprensa, este grupo de deputados criticou "a imposição de uma "cultura de gosto"".
"O que se apresenta como uma medida fiscal é, antes, uma posição de preconceito relativamente a uma vertente da cultura popular portuguesa, particularmente enraizada em muitas comunidades", disse Maria da Luz Rosinha.
No ano passado, esta questão colocou de lados diferentes, a ministra da Cultura Graça Fonseca que defende a subida do IVA por uma "questão civilizacional" e o histórico socialista Manuel Alegre que criticou a imposição de uma "política de gosto". O debate acabou por confirmar o recuo do PS nesta matéria, com uma proposta assinada também pelo líder parlamentar da altura Carlos César.