Zero desafia Estado a comprar terrenos com importância para a conservação da natureza
Francisco Ferreira, da Zero, defende que o Fundo Ambiental deve permitir a aquisição, "por um valor justo", de propriedades que encerrem em si um "valor estratégico para a conservação da natureza e que é "muito preferível" investir agora nisso do que depois no "restauro" de áreas em risco.
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A associação ambientalista Zero defende que o Estado deve ir mais longe na conservação da natureza apostando na compra de terrenos com especial importância para a biodiversidade. Esta sexta-feira assinala-se o Dia Nacional da Conservação da Natureza e a Zero assinala que é preciso transformar pelo menos 30% das superfícies terrestre e marinha da Europa em áreas protegidas.
Em Portugal, 22% do território terrestre está classificado - faltam 8% -, mas nos oceanos falta ainda classificar 26% e Francisco Ferreira, o presidente da Zero, avisa na TSF que o país ainda tem margem para crescer, por exemplo, através da "ampliação de vários parques naturais".
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São exemplo disso "as serras de Aire e Candeeiros, o Tejo Internacional, a paisagem protegida da Serra do Açor, a criação da paisagem protegida da serra do Mira, na zona de Beja e de Ferreira do Alentejo, reservas naturais, por exemplo, para o estuário do Mondego e a lagoa de Óbidos".
Além destas sugestões, a Zero defende que o Governo deve, "através do Fundo Ambiental, promover a aquisição, a um valor justo, de propriedades com valor estratégico para a conservação da natureza". Francisco Ferreira defende que este investimento é "muito preferível" a ser depois necessário "investir no restauro da natureza de muitas das áreas importantes e relevantes".
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"Temos toda uma política que pode passar por incentivos financeiros e fiscais, por áreas protegidas privadas de proteção total e, acima de tudo, terminarmos com a subsidiação de atividades danosas em termos de conservação da natureza, mais do que estarmos a fazer investimentos para depois recuperarmos aquilo que é degradado e destruído", assinala.
Estas estratégias de conservação da natureza podem, por outro lado, entrar em conflito com os projetos verdes de energia eólica e solar, pelo que é necessária coragem, diz Francisco Ferreira, coragem para definir linhas vermelhas.
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Tal implica "uma política de planeamento, de prevenção, de mapeamento que só agora começa a ter lugar, ainda de forma incipiente e, em muitos casos, sem a coragem de efetivamente retirar algumas áreas extremamente sensíveis desta possibilidade", explica o ambientalista, que não deixa de assinalar o aspeto "indispensável" de garantir que os projetos de renováveis a implementar "sejam cuidadosos para permitir uma compatibilização" não só da dimensão, mas também da "paisagem envolvente".