"Zonas em caos absoluto." Pelo menos 15 partidas e 11 chegadas canceladas este domingo devido à greve na Menzies
No terceiro dia de greve, o sindicalista Carlos Araújo destaca na TSF que já "não é possível contabilizar" o número crescente de voos que saem sem bagagem. E acusa a empresa de estar a violar o direito dos trabalhadores à greve
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Pelo menos 15 partidas e 11 chegadas previstas para este domingo no aeroporto de Lisboa foram canceladas devido à greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce), sendo os atrasos “às dezenas”. É o balanço que Carlos Araújo, dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), faz pelas 10h30 na TSF. Afirmando ser "cauteloso nas palavras", garante que há um "caos absoluto" em algumas zonas desta estrutura aeroportuária.
A agência Lusa aguarda ainda uma atualização por parte da gestora aeroportuária ANA – Aeroportos de Portugal sobre o impacto da paralisação na empresa de handling, responsável pelos serviços de assistência em escala.
No terceiro dia de greve, o dirigente do SIMA destaca também que já "não é possível contabilizar" o número crescente de voos que saem sem bagagem.
“Isso causa uma montanha, literalmente, de bagagem acumulada para processar”, sustenta, por sua vez, à Lusa.
A greve em curso, convocada pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST), iniciou-se às 00h00 de sexta-feira e prolonga-se até às 24h00 de segunda-feira.
Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro. Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 8 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 1 de setembro.
Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o fim de salários-base abaixo do salário mínimo nacional, o pagamento das horas noturnas, melhores condições salariais e a manutenção do acesso ao parque de estacionamento nos mesmos moldes anteriores.
Aproximando-se o quarto do protesto, o dirigente do SIMA diz à Lusa esperar que a Menzies Aviation “venha para as negociações de boa-fé, tentando efetivamente corrigir o passo”.
“Queremos que ninguém nesta empresa tenha um vencimento inferior ao salário mínimo. Tem de ser igual ou superior”, argumenta, enfatizando que “a maioria dos trabalhadores, sobretudo os mais novos, vivem com grandes dificuldades”.
Por isso, acrescenta, "o lema da greve é e será, enquanto o assunto não estiver resolvido, ‘Mais vale um mês ainda pior do que o resto da vida assim’”.
O sindicato acusa ainda a SPdH/Menzies de estar “a violar flagrantemente o direito à greve” para tentar “neutralizar os efeitos da paralisação”, recorrendo a “práticas ilegais” como a “antecipação forçada de turnos e convocação de trabalhadores em dias de folga”, a “substituição de grevistas por trabalhadores de empresas de trabalho temporário” e a “reorganização abusiva de escalas”. Acusações reiteradas na TSF, acrescentando que tem provas que sustentam as suas afirmações.
“O SIMA está a recolher provas destas ilegalidades e vai apresentar queixas formais à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e ao Ministério Público, exigindo a responsabilização dos dirigentes da Menzies/SPdH”, avançou no sábado em comunicado.