Duas entidades de defesa dos direitos dos animais apelaram aos turistas para não visitarem locais como o Zoomarine. As organizações defendem que o parque de diversões "devia eliminar estas atrações nocivas" e oferecer em vez delas atividades enriquecedoras para os golfinhos.
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O Zoomarine negou as acusações de maus-tratos a animais, denunciadas pelo ramo britânico da World Animal Protection. O relatório da organização, feito em parceria com a Fundação Change For Animals, aconselha os turistas a evitarem o parque de diversões de Albufeira, no Algarve, por considerar que em espaços como este os animais estão sujeitos a um "sofrimento atroz".
Num esclarecimento enviado às redações, o Zoomarine assegura que estas acusações são "graves e infundadas".
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"Tais acusações são absurdas, carecem de fundamento científico, e têm como objetivo criar indignação pública, enquanto promovem as ditas associações e aumentam os donativos que estas constantemente solicitam", pode ler-se na nota.
O relatório das duas organizações considera inaceitável que os golfinhos sejam utilizados para espetáculos de entretenimento: "Os golfinhos são forçados a fazer acrobacias e a deixar que os treinadores façam 'surf' em cima deles."
No Zoomarine, em Portugal, os treinadores põem-se em cima do dorso dos golfinhos e 'surfam-nos' na água.
Já o Zoomarine considera estranho que o documento se foque "exclusivamente em golfinhos", não referindo "as outras (aproximadamente) 200 espécies que habitam no Zoomarine".
O parque de diversões lembra que a organização American Humane atribuiu uma avaliação de 94,78% ao Zoomarine, na mais recente inspeção: "É prova cabal de que estamos no muito bom caminho (e temos muito e humilde orgulho em tal)."
Por outro lado, o relatório defende que locais como o Zoomarine "deviam eliminar estas atrações nocivas e oferecer em vez delas atividades enriquecedoras para os golfinhos, sem contacto direto com os visitantes e sem truques circenses", defende a organização.
Na mira do relatório, construído a partir de visitas efetuadas entre 2018 e 2019, em que os membros da organização assistiram aos espetáculos, estão parques semelhantes ao Zoomarine na Austrália, Estados Unidos e Singapura, e outros sítios onde há animais em cativeiro, num total de 12 instalações.
Muitos dos comportamentos apresentados como 'brincadeiras' durante o espetáculo são na verdade manifestações de agressividade ou perturbação.
"No Zoomarine, em Portugal, os treinadores põem-se em cima do dorso dos golfinhos e 'surfam-nos' na água. O espetáculo também inclui os golfinhos a puxarem um pequeno barco onde estão crianças", refere-se no documento.
A World Animal Protection argumenta que "muitos dos comportamentos apresentados como 'brincadeiras' durante o espetáculo são na verdade manifestações de agressividade ou perturbação".
Apela aos turistas britânicos a "tomarem uma posição, não visitando nem apoiando estes locais".
O contacto direto com os visitantes pode sugerir que a interação com os golfinhos "é completamente segura para os humanos", quando se trata de "animais selvagens incrivelmente fortes que, quando perturbados, podem ser um risco para a segurança das pessoas", acrescenta.
Manter estes animais em cativeiro para garantir a sua conservação não é argumento, considera a World Animal Protection, porque a maioria das espécies mantidas nos aquários não está ameaçada.
Além de o cativeiro ser sempre "uma severa restrição ao bem-estar" dos animais, o treino para os truques que fazem nos espetáculos consiste em "métodos controversos" como "retirada de comida e estímulo social aos golfinhos para depois os usar como recompensas", acusa a organização.
A organização refere outros tipos de animais sujeitos a "atividades e exibições cruéis e degradantes", como "leões e tigres a fazerem truques e acrobacias em palco", elefantes obrigados a transportar turistas e primatas "explorados como adereços fotográficos".
"Os locais incluídos nestes casos de estudo não representam os piores jardins zoológicos do mundo", refere-se no documento, mas estão ligados à Associação Mundial de Zoológicos e Aquários, cujas diretivas não estão a cumprir, apesar de "aspirarem a ser modernos e favoráveis ao bem-estar animal".