O líder parlamentar do PS acusa o Governo de deixar cair a aposta nas renováveis, ironizando que «o pastel de nata consome e dá energia, mas não serve como desígnio nacional».
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«O país hoje importa mais [energia], é mais dependente, mas, sobretudo, ficou com menos foco. Acredito que o pastel de nata é algo que consome bastante energia e dá muita energia, mas, como desígnio, não está à altura da economia sustentável», afirmou Carlos Zorrinho.
O líder parlamentar socialista discursava, esta noite, no jantar debate sobre "Crescimento Sustentável", no âmbito da Universidade de Verão do PS, a decorrer em Évora desde quinta-feira e que termina domingo.
Carlos Zorrinho, que foi secretário de Estado da Energia na governação de José Sócrates, traçou a aposta que foi feita, no anterior executivo, nos setores da economia verde, da inovação e das energias renováveis.
Portugal era um dos países que «puxava» neste comboio europeu, mas, lembrou, a 21 de junho de 2010, quando o Governo PSD/CDS iniciou funções, o novo executivo «apagou a luz desta perspetiva».
«Isso foi um erro estratégico brutal e nós temos que voltar a reacender essa perspetiva e esse desígnio nacional», defendeu, acusando o Governo liderado por Passos Coelho de ter perdido «o fio à meada numa oportunidade única» para o país «dar o salto qualitativo determinante» no seu modelo de especialização económica.
«A não existência de uma estratégia de energia o que é que fez? Fez com que alguns custos tivessem sido empurrados com a barriga», argumentou.
Como exemplo, referiu-se ao acordo de princípio entre o Governo e os operadores de parques eólicos cobertos por legislação anterior a 2005, para reduzir o valor dos subsídios atribuídos, numa poupança estimada em 140 milhões de euros, até 2020.
«A verdade é que, se alguns custos foram empurrados com a barriga, os benefícios foram todos atirados borda fora», acusou.
O líder parlamentar do PS assegurou ainda que «uma parte significativa do desvio no desemprego», em Portugal, se deve a esta ausência de aposta energética do atual Governo.
«A aposta na energia criava muito emprego, na eficiência, na produção, na manutenção dos sistemas de água quente, dos sistema solares. E tudo isso foi destruído», criticou.