Beneficiários da ADSE acusam hospitais privados de "ganância" por "lucros fáceis"

Os hospitais privados discriminam os beneficiários da ADSE, deixando-os mais tempo à espera de consultas. O presidente da Associação Nacional de Beneficiários da ADSE afirma que esta "prática abusiva" já é antiga.

Os beneficiários da ADSE confirmam que estão a ser discriminados pelos hospitais privados. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) abriu um processo de contraordenação aos hospitais da Luz e Lusíadas, em Lisboa, por deixarem os beneficiários da ADSE em último lugar na marcação de consultas.

Ouvido pela TSF, o presidente da Associação Nacional de Beneficiários da ADSE, Fernando Vaz de Medeiros, diz que esta prática abusiva já é antiga.

"Esta é uma queixa que tem sido feita pelos beneficiários desde há muito tempo. É uma prática abusiva por parte dos hospitais privados e de que a associação tem feito reporte, quer junto da ADSE, quer junto do Governo, quer mesmo junto da Associação Portuguesa dos Hospitais Privados. É uma situação inaceitável e é um desrespeito perante 1,3 milhões de beneficiários que têm ajudado a crescer os hospitais privados", considera.

O presidente da Associação Nacional de Beneficiários da ADSE defende que "os interesses e a ganância de certos hospitais privados no lucro fácil só se resolve quando os hospitais privados assumirem que são os parceiros e não os inimigos da ADSE e dos beneficiários da ADSE".

Fernando Vaz de Medeiros afirma ainda que a ADSE não tem tido força suficiente para acabar com esta prática dos hospitais privados.

"Do nosso ponto de vista, os responsáveis por esta discriminação e por estes atos abusivos são os hospitais privados. A ADSE não tem tido a força suficiente para combater esta situação e, no nosso entender, só o pode fazer se estiver ao lado dos beneficiários e com os beneficiários ao seu lado", sublinha.

Também em declarações à TSF, Eugénio Rosa, representante dos beneficiários no Conselho Diretivo da ADSE, afirma que sempre que têm uma denúncia tentam atuar.

"Não temos um polícia dentro dos prestadores para corrigir a situação, mas logo que temos conhecimento, temos feito pressão", adianta.

No entanto, segundo Eugénio Rosa, cabe à ERS agir quando há denúncias de que os beneficiários da ADSE são preteridos pelos hospitais privados. Para o representante dos beneficiários no Conselho Diretivo da ADSE, a ERS tem sido pouco eficaz nesse campo.

"A ERS tem sido passiva perante essas situações. Felizmente, agora começou a atuar, porque compete à ERS aplicar coimas, como aplicou muito bem, para ver se esse tratamento desigual desaparece. A ERS tem-se refugiado na justificação de que tem poucos técnicos para fazer essa fiscalização", sustenta.

Eugénio Rosa salienta, no entanto, que nem todos os grupos privados podem ser metidos no mesmo saco.

"De 60% da faturação à ADSE no regime convencionado, 50% são dos cinco grandes grupos de saúde, mas eles muitas vezes não têm um comportamento à altura. Temos detetado isso em vários, mas não é em todos", acrescenta.

Contactado pela TSF, o grupo Luz Saúde diz que está a preparar a resposta à ERS, verificando se o procedimento foi incorreto, e, se isso se confirmar, se já terá sido corrigido. A TSF contactou também o grupo Lusíadas Saúde, mas ainda não obteve resposta.

Se os procedimentos não forem corrigidos, os hospitais privados podem ter de pagar multas até aos 45 mil euros.

* Notícia atualizada às 11h32

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