"Estado usará todos os poderes ao seu dispor." Governo não exclui nacionalização da TAP
Siza Vieira assegura que o Governo está pronto para nacionalizar a TAP caso seja necessário. A empresa deu prejuízos em 2018 e 2019, o que não estava previsto, e agora vai pedir lay-off para os trabalhadores.
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Num momento de crise devido à pandemia do novo coronavírus, o tema da TAP volta a estar em cima da mesa e o Governo garante ter as ferramentas necessárias para nacionalizar a companhia aérea nacional, caso seja o melhor para o país.
"O Estado não deixará de usar todos os poderes ao seu dispor para salvaguardar a posição estratégica da TAP", garantiu o ministro da Economia, Siza Vieira, em entrevista à TSF, deixando claro que "o Estado tem ferramentas para nacionalizar e usá-las-á se achar conveniente".
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Mais, enalteceu o governante, "como sócio da TAP", o Estado não deixará de assegurar a "preservação do valor que [a empresa] representa para o país".
Para já, a companhia aérea vai avançar para o lay-off dos pilotos. Esta manhã, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) informou que, devido ao cancelamento de todos os voos para o mês de abril, a empresa pretende colocar em regime de lay-off os seus pilotos.
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O Governo ainda não foi notificado sobre o assunto, mas Siza Vieira esclarece que este regime foi criado para que não haja despedimentos e tendo em conta que a indústria da aviação civil está a sofrer grandes dificuldades, "é muito difícil que uma empresa que não tem atividade mantenha todos os postos de trabalho".
Para a TAP, esta situação vem agravar uma crise que já é longa, uma empresa com altos e baixos, que voltou às mãos do Estado pelo Governo de António Costa, depois de uma privatização em 2015. Em junho de 2017, o Estado voltou a assegurar 50% do capital da TAP, com a Atlantic Gateway a ficar responsável por 45% das ações e os restantes 5% pelos trabalhadores da companhia aérea.
Esta era uma das bandeiras prometidas pelo Governo socialista, que assumiu o compromisso de reaver a TAP, mas também de a capitalizar, modernizar e assegurar o desenvolvimento da empresa.
Os resultados dos anos seguintes estiveram longe de corresponder às expectativas do Governo. Em 2018, a TAP registou prejuízos de 118 milhões de euros, após um ano com um resultado líquido superior a 20 milhões de euros. E em 2019, depois do lucro obtido no segundo semestre, a companhia aérea fechou o ano com prejuízos de 105,6 milhões de euros.
A TAP voltou a estar debaixo de fogo com as notícias da distribuição de prémios em ano de prejuízo, o que levou Pedro Nuno Santos, o ministro que tutela as Infraestruturas, a fazer duras críticas à empresa.
Na altura, o governante admitiu que não estava previsto que a TAP desse prejuízos em 2018 e 2019, até pelo contrário, o que elevou (ainda mais) as críticas aos bónus. "Diz o bom senso que, perante um quadro destes em que é prometido o lucro e o resultado final é de prejuízo acima de 100 milhões de euros, que se abstivessem de distribuir prémios, por respeito para com o povo português e para com a esmagadora maioria dos trabalhadores da TAP que não vão receber nada", reiterou Pedro Nuno Santos.
Já este ano, a TAP foi associada à companhia aérea Lufthansa, que alegadamente está interessada em comprar parte da participação de David Neeleman na companhia aérea portuguesa. Há ainda a possibilidade de o negócio ser feito, mas sem a saída do maior acionista privado. Na equação estará ainda a United Airlines, que pertence à Star Alliance, a aliança estratégica internacional à qual também pertence a companhia aérea portuguesa.
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