Cristas foi questionada pelos jornalistas e confessou não ter lido o artigo, mas acredita que "quer dizer alguma coisa" o facto de Augusto Santos Silva, Carlos César e José Sócrates, em "menos de 24 horas", terem comentado o tema Tancos.
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O caso Tancos veio para ficar na campanha do CDS e a presidente, Assunção Cristas, registou esta segunda-feira a entrada do ex-líder do PS José Sócrates nos comentários ao processo, e voltou a exigir explicações a António Costa.
Um dia depois da publicação do artigo de Sócrates no site do jornal Expresso, Cristas foi questionada pelos jornalistas, numa ação de campanha para a Legislativas de 6 de outubro em Lagos, distrito de Faro, e confessou não ter lido.
"Não, não li, mas estes três nomes juntos a falarem sobre este assunto quer dizer alguma coisa", declarou, depois dos comentários, "nas últimas 24 horas", do ministro dos Negócios Estrangeiros e candidato a deputado Augusto Santos Silva e de Carlos César, presidente dos socialistas.
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As declarações de Santos Silva, César e Sócrates, "todos na defesa do PS" tem um significado, só não disse qual.
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"Quem não ouvi falar foi o primeiro-ministro", anotou ainda a presidente do CDS, que no sábado desafiou António Costa a dar esclarecimentos e esta segunda-feira ignorou o que disse o líder socialista numa entrevista à RTP.
Assunção não se sente visada no artigo do ex-primeiro-ministro e antigo líder do PS por uma eventual utilização do tema de Tancos na campanha eleitoral, dado que argumentou, os centristas falam deste assunto "com o crédito" de, desde o furto do material militar e posterior recuperação, em 2017, terem dito que esta era "uma questão política de grande gravidade". E prometeu que o CDS "continuara na linha da frente e continuar a pedir esclarecimentos" a António Costa, condenando o "silêncio permanente" do primeiro-ministro perante o processo.
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No sábado, numa conferência de imprensa na sede nacional do partido, Assunção Cristas desafiou Costa a dar mais explicações sobre o que sabia, ou não, acerca da operação de encobrimento na recuperação do material militar e defendeu que o Ministério Público deve analisar se houve "declarações falsas" do chefe do Governo e o ministro Azeredo Lopes, que se demitiu por causa do processo.
No artigo publicado domingo no semanário Expresso online, e também enviado à Lusa, Sócrates considera que a apresentação da acusação judicial sobre o caso de Tancos a meio da campanha eleitoral tem "evidente e ilegítima motivação política" e critica anteriores declarações de António Costa sobre justiça.
"Para ir direto ao assunto, considero que a apresentação da acusação judicial de Tancos tem uma evidente e ilegítima motivação política. Não só pelo momento escolhido - no meio da campanha eleitoral -, mas, principalmente, pela forma como o Ministério Público orientou a sua divulgação pública", sustenta o líder dos socialistas entre 2004 e 2011, também acusado no âmbito do processo Marquês, que investigou corrupção, evasão fiscal e branqueamento de capitais.