Na semana em que começa o debate do OE 2020, o líder do PS diz que "este é o melhor orçamento" que apresentou e sublinha a "continuidade" para apelar ao voto da esquerda. "O rumo é para manter".
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As conversas com os partidos da esquerda prosseguem nos bastidores e no palco do jantar do grupo parlamentar do PS, António Costa aproveitou para insistir que este é um "Orçamento de continuidade", lembrando aos antigos parceiros de maioria que depois de ter "levado grande parte da legislatura passada a repor cortes e rendimentos", agora é altura de "avançar e não ficar a marcar passo".
"Ao contrário do que eu muitas vezes vejo os analistas teorizarem na comunicação social, esta não vai ser uma legislatura onde o PS anda à deriva ou à procura de uma Carochinha", vincou António Costa lembrando que o PS definiu uma estratégia política logo é preciso que "ninguém se equivoque sobre o significado político das últimas eleições legislativas".
"O PS sabe bem qual é o seu campo e qual é a sua linha de atuação. E sabemos, por isso, quais são os nossos parceiros e quem são os nossos adversários".
"Este é o quinto orçamento que eu apresento. Mas com toda a sinceridade digo que este é o melhor Orçamento de Estado que já apresentei até hoje, o que aliás, é natural porque é fruto do trabalho que fizemos ao longo destes quatro anos", elogiou o líder do PS concluindo que "se esta política tem dados bons resultados, qual a razão para mudar e correr riscos de ter maus resultados? Esta é a nossa linha política. A proposta de orçamento é de continuidade".
A três do início do debate orçamental, António Costa cita a atualização dos salários da Função Pública como exemplo para convencer os antigos parceiros da esquerda.
"Só em 2009 é que houve a exceção que confirmou a regra da não atualização dos salários da Função Pública", sublinhou Costa para dizer que 2020 vai ser "o primeiro de sucessivos aumentos salariais".
Ainda sem ter oficialmente garantida a aprovação do primeiro orçamento da legislatura, o Primeiro Ministro já lança o olhar para o futuro, recordando o passado:"Esta é a trajetória que iniciámos em 2016, continuamos em 2017, e 2018 e em 2019, estou seguro que vamos prosseguir em 2020, 21, 22, 23 e depois os portugueses falarão mas espero que falem para dizerem que vale a pena continuar a seguir este caminho", disse Costa pelo meio de aplausos do grupo parlamentar.
Antes do secretário-geral do PS interveio Ana Catarina Mendes, a líder da bancada do PS considerou que "esta semana é absolutamente decisiva" e lançou um apelo aos antigos parceiros da esquerda: " Ninguém perceberá que este que é o melhor do que todos os outros orçamentos de Estado não seja aprovado pela maioria que o povo português escolheu que continuasse a liderar os destinos do país: um PS reforçado mas uma esquerda a apoiar este Orçamento".
A abrir o jantar, o antigo líder do PS e atual Presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues voltou a ser aplaudido pela bancada do PS quando alertou para os perigos do "populismo e do nacionalismo".
"Compete aos grupos parlamentares o combate político e a denúncia desses perigos, mas compete ao Presidente da Assembleia da República utilizar a Constituição e o Regimento que deve servir para que essas manifestações não tenham lugar, nunca, na Assembleia da República, de forma sustentada", sublinhou Ferro Rodrigues que, no final do ano passado, esteve envolvido numa polémica com o deputado único do Chega André Ventura, sobre a utilização repetida da palavra "vergonha" nos discursos do partido.