Costa com "confiança" em Medina e Cordeiro, recusa colocar foco do SIS em Mendonça Mendes
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Os temas para o debate de política geral com António Costa estavam anunciados logo à partida: se a oposição centrou as perguntas ao primeiro-ministro nas várias polémicas das últimas semanas, o Governo defendeu-se com os resultados da economia que, nas palavras de Eurico Brilhante Dias, obrigam a oposição "a ligar o modo pânico".
Logo no início do debate, Catarina Martins começou por questionar António Costa sobre a "base legal para a atuação do SIS" no alegado roubo do computador do Ministério das Infraestruturas. O primeiro-ministro, na resposta, recusou "qualquer ilegalidade" na atuação dos serviços secretos e voltou a rejeitar que algum elemento do Governo tenha condicionado a atuação dos serviços.
"Nenhum membro do Governo, direta ou indiretamente, deu qualquer instrução, ordem ou orientação ao SIS para proceder a essa ação", afirmou.
O primeiro-ministro considerou ainda que a chefe de gabinete de João Galamba, que informou o SIRP de toda a polémica, "agiu corretamente", defendendo que "deve-se limitar ao mínimo o extravio de documentação que está classificada".
Em jeito de desafio, e após várias perguntas no mesmo tom, por parte da oposição, António Costa desafiou o PSD a apresentar uma moção de censura ao Governo socialista: "Repetirei isto as vezes que for necessário, se não estiver de acordo apresente uma moção de censura para me demitir de primeiro-ministro".
O engano que envolve Marcelo Rebelo de Sousa
Por entre telefonemas entre vários ministros na fatídica noite de 26 de abril, António Costa chegou a revelar que informou Marcelo Rebelo de Sousa sobre a atuação dos serviços de segurança, mas corrigiu as palavras pouco depois, interpelado por André Ventura.
"Se eu disse de alguma forma que tinha informado o senhor Presidente da República sobre a intervenção do SIS, aproveito a sua pergunta para corrigir imediatamente. Eu nunca informei o senhor Presidente da República sobre a intervenção do SIS, que fique claro", recuou.
Mais tarde, para a Iniciativa Liberal, António Costa acusou a oposição de denegrir a imagem das instituições: "Cumpram a vossa missão de fiscalizar o Governo, cumpra até a sua função, se quiser, de atacar o Governo, agora não insulte a dignidade dos profissionais dos profissionais dos serviços nem dos dirigentes dos serviços".
"Confiança política" em Medina e Duarte Cordeiro
Sobre a nova polémica a envolver membros do Governo, com Fernando Medina e Duarte Cordeiro debaixo de fogo, o primeiro-ministro reforçou que mantém "total confiança" nos seus ministros, lançando o chavão: "à política o que é da política, à justiça o que é da justiça".
"Obviamente, mantenho toda a confiança política e tenho a maior consideração pela idoneidade do doutor Fernando Medina e do doutor Duarte Cordeiro", acrescentou.
Na noite de terça-feira, a TVI/CNN revelou uma alegada troca de favores entre o PS e o PSD para a constituição das listas às eleições autárquicas, de forma a favorecer cada um dos partidos em diversas freguesias, envolvendo o então presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina e o seu vice-presidente Duarte Cordeiro.
Costa rejeita "rodriguinhos" e recusa colocar Mendonça Mendes no centro da polémica
Num pingue-pongue com os partidos à direita do PSD, ou seja, Iniciativa Liberal e Chega, António Costa recusou colocar o foco sobre o envolvimento do SIS no caso João Galamba no seu secretário de Estado Adjunto. André Ventura até pediu ao primeiro-ministro que passasse a palavra a Mendonça Mendes, mas o Governo contou com o apoio do presidente em exercício, Adão Silva, que rejeitou o pedido.
Ventura perguntou, várias vezes, se António Costa "sabia ou não sabia" que António Mendonça Mendes aconselhou Galamba a informar as secretas: "Deixe-se de conversas de treta".
Por outro lado, António Costa afastou "rodriguinhos de quem falou com quem e a que horas" e acrescentou que, em caso de desaparecimento de documentos classificados, qualquer cidadão deve, de imediato, contactar as autoridades.
"Foi o que foi feito e muito bem feito. Perante o alerta que as autoridades receberam, entenderam que deviam agir. O meu entendimento é de que se deve limitar ao mínimo o risco de extravio de comunicação classificada", defendeu o primeiro-ministro.
