Costa avisa Pedro Nuno que "isto não anda em piloto automático" e admite rever referendo à regionalização
Costa diz que regionalização só acontecerá "com um amplo consenso nacional" e "se o processo de descentralização tiver corrido bem".
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Com Pedro Nuno Santos na primeira fila, e sem nunca referir a polémica com o novo aeroporto de Lisboa, António Costa admite que os problemas vão aparecendo, "colocam entraves à estratégia do Governo", mas é para isso que existe o chefe de Governo. O primeiro-ministro, sem fato e gravata, despido das funções de Governo, pediu ainda ao PSD que "não tenha medo de ouvir os portugueses" sobre a regionalização, mas admite rever a proposta socialista.
Numa mensagem implícita para Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que esteve envolvido na polémica sobre o novo aeroporto, António Costa diz que "isto não anda em piloto automático e precisa de alguém que saiba conduzir".
"Durante a execução da estratégia surgem surpresas e há incertezas? Claro que sim", refere, sobre os problemas que vão surgindo ao Governo socialista, que completou cem dias já com uma crise na saúde, uma guerra no leste da Europa e a polémica com o novo aeroporto.
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Costa apela ainda aos socialistas que não entrem "na bolha mediática", que dá lugar a crises existenciais, e é aproveitada pela oposição para criticar o Governo. "É uma bolha que se entusiasma imenso com casos e casinhos, e consome horas infindáveis" de tempo de antena", atirou.
A chave do Governo "tem sido a resistência ao mediatismo", acrescentou António Costa, que deixou ainda uma analogia com o futebol: "Eu que adoro futebol, gosto é dos 90 minutos de jogo e se puder haver prolongamento e penáltis, melhor".
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No discurso, na abertura da Comissão Nacional do PS, que foi aberto à comunicação social, António Costa falou ainda do referendo à regionalização. O Governo tinha previsto um referendo para 2024, mas Luís Montenegro, novo líder do PSD, defende que "não há condições" para que os portugueses vão às urnas antes de 2026, no final da legislatura.
O líder socialista admite rever a proposta, que só acontecerá "com um amplo consenso nacional" e "se o processo de descentralização tiver corrido bem", mas pede ao PSD "que não tenha medo de ouvir os portugueses".
"Ninguém sabe verdadeiramente qual será a situação internacional em 2024, e todos vamos avaliar se será ou não oportuno. Mas que não seja por uma questão de oportunidade temporal que não se deixa de fazer o que tem de ser feito. O que não podemos é ter medo de ouvir os portugueses", criticou.
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António Costa admite que "até compreende a posição do PSD", já que nos últimos anos, "os portugueses só dizem coisas que o PSD não gosta de ouvir", mas independentemente dos resultados eleitorais, os socialistas "nunca deixam de gostar do povo".
No início do discurso, Costa lembrou ainda as medidas do Governo para fazer frente ao aumento de preços, "que continuam a aumentar, mas seriam superiores sem os apoios" do Executivo. O primeiro-ministro garantiu ainda que "a guerra não vai servir de desculpa" para que o PS não coloque em marcha o programa de Governo.
A comissão nacional do PS esteve marcada para o passado fim de semana, mas por colidir com o congresso do PSD, os socialistas adiaram a reunião.