Do inaceitável ao lamentável. Partidos ao lado de Costa devido a ministro holandês
Partidos acreditam que postura do Governo holandês compromete os ideais de solidariedade da União Europeia.
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As declarações do ministro holandês das Finanças foram consideradas "repugnantes" por António Costa e o primeiro-ministro tem o apoio dos partidos portugueses, que não compreendem a postura de Wopke Hoekstra.
Apesar da divergência sobre o projeto europeu, Catarina Martins fez questão de afirmar que o Bloco de Esquerda "acompanha" as afirmações do primeiro-ministro e critica a postura dos Governos da Alemanha e Holanda.
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"O discurso do ministro holandês não é aceitável a posição dos Governos da Alemanha e Holanda de impedir qualquer solução robusta de resposta à crise é absolutamente irresponsável", afirma a coordenadora do BE em conferência de imprensa.
À TSF, José Luís Carneiro realçou que é preciso uma resposta europeia a esta pandemia do novo coronavírus e aponta o dedo ao Governo holandês.
"As declarações dos responsáveis governamentais holandeses são lesivas do interesse europeu e nocivas para a solidariedade europeia", refere José Luís Carneiro.
O secretário-geral-adjunto do PS defende António Costa e a ideia de que é preciso uma injeção financeira para os países combaterem esta crise. "Bem tem estado o primeiro-ministro quando repudia estas afirmações porque elas contendem com o projeto, o ideal e os fundamentos da construção europeia", acrescenta.
O deputado João Ferreira vê uma ausência de solidariedade "gritante" por parte da União Europeia e compara o que está a acontecer no Conselho Europeu com o que foi feito perante a crise de 2008.
"Aí temos bloqueios, contradições, impasses no Conselho Europeu, as manifestações de intolerância e arrogância, o empurrar com a barriga o que poderiam ser reais soluções para ajudar os Estados-membros", aponta o deputado comunista, através de uma declaração.
João Ferreira recorda ainda que vai haver uma "fatura será pesada" e que "Portugal e os portugueses não podem correr o risco de ficar preso nestas contradições".
Do lado do CDS, João Almeida critica a postura de "censura e de conflito" do Governo holandês e alerta para a necessidade de, perante esta pandemia da Covid-19, ser preciso reforçar o projeto europeu e a solidariedade entre os países.
"Aquilo que se passou com o ministro holandês é algo que não pode acontecer, porque não só a questão ao nível dos estados se complica bastante como ao nível das populações, as pessoas têm de perceber que o projeto europeu faz sentido também nestas alturas e numa lógica de solidariedade com quem mais precisa em cada momento, com regras, mas sem espírito punitivo que mais uma vez veio do Governo holandês", sublinha o deputado centrista em declarações à TSF.
O PAN "não poderia estar mais de acordo" com António Costa. A líder parlamentar Inês de Sousa Real considera a postura de Wopke Hoekstra "inconsciente" e apela à solidariedade da União Europeia.
"Os valores da União Europeia não podem ser esses, o vírus não conhece fronteiras, não faz uma moralização entre estados ricos e estados pobres e numa crise pandémica como a que vivemos, que atinge toda a humanidade, o ministro holandês proferir esse tipo de considerações ou vir fazer essa análise relativamente à economia de um país é de facto não ter consciência daquilo que atravessamos", afirmou Inês de Sousa Real em declarações à TSF.
André Ventura, do Chega, lamenta que num momento de crise a União Europeia não funcione como uma união e aponta o dedo ao ministro holandês das Finanças, mas acusa também o Governo socialista de voltar a precisar da ajuda à UE quando teve um excedente orçamental.
"É lamentável o que disse o ministro holandês das Finanças, mas é igualmente lamentável que com o tal excedente que tivemos não tenhamos conseguido fazer as reformas que precisávamos para ter um país sólido para responder a uma crise", afirma o deputado do Chega.
"Lá temos nós de ir de mão estendida pedir dinheiro, imporem-nos restrições, limitarem a nossa soberania, humilharem-nos", acrescenta.
O deputado Cotrim Figueiredo acredita que "adjetivar posições" não ajuda, tendo em conta que o mais importante é chegar a um consenso para uma ação coordenada a nível europeu. Para que isso aconteça, o deputado único do Iniciativa Liberal pede que haja diálogo.
"A única maneira de dar os passos necessários é que haja entendimento e capacidade de diálogo, apelo a que haja cabeça fria e que não se tomem posições que sejam conducentes a uma incapacidade de dialogar e negociar soluções para a frente", afirma.
Questionado pela TSF, o PSD preferiu não comentar para já o tema.