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Uma moção de confiança, a dissolução da assembleia ou uma moção de censura. São estes os três grandes cenários que o diretor editorial da TSF Açores e do jornal Açoriano Oriental, Paulo Simões, traça para o futuro político da região depois de um deputado da Iniciativa Liberal e um outro independente terem rasgado o acordo que suportava a maioria do Governo regional.
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O primeiro cenário, o de uma moção de confiança e que já está descartado, nasceu do desafio deixado pelo líder nacional do Chega, André Ventura, ao presidente do Governo regional, José Manuel Bolieiro, para que apresentasse uma moção de confiança.
"O presidente do Governo dos Açores já disse que não, que não vai por aí", assinala Paulo Simões.
Seguir-se-ia uma outra alternativa que é, também ela, pouco provável: "Seria a do representante da República dissolver a assembleia." Paulo Simões assinala que Pedro Catarino "não o irá fazer" porque "não tem elementos e não parece ter razões para isso", pelo que "vai aguardar".
Paulo Simões aponta os possíveis cenários futuros para a governação dos Açores.
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O representante da República para os Açores já fez saber, esta tarde, que não vai tomar uma posição sobre o fim dos acordos parlamentares com o Governo Regional, deixando a Assembleia Legislativa prosseguir os seus trabalhos e "resolver o problema", disse à Lusa fonte do gabinete.
O terceiro cenário pode ter uma moção de censura do Partido Socialista como protagonista. "Isso não foi falado até agora, nem nos corredores, pelo menos que nós saibamos, e é um cenário que não está para já em cima da mesa", adianta Paulo Simões.
A acontecer, avisa desde já, "se os partidos que agora rasgaram o acordo forem consequentes, o Governo dos Açores cai" com esta moção de censura, assinala.
Para já, o executivo regional "está fragilizado e o barco está a balançar significativamente, mas se não houver mais nada do que isto, o Governo irá até outubro, até ao próximo Plano e Orçamento, e aí logo se verá".
A crise política nos Açores começou com a demissão do secretário da Saúde, Clélio Meneses, que ao sair apontou ingerências do próprio executivo, embora sem apontar nomes. Em tudo isto, o que mais acaba por intrigar Paulo Simões é a iniciativa do deputado independente Carlos Furtado, ex-Chega, que disse abandonar o acordo por "incumprimentos e falta de respeito institucional" e por sentir que foi "tratado como um parente menor".
"Isto é tudo muito estranho."
Paulo Simões nota que o debate do Plano e Orçamento regional "foi agora no final do ano passado, está fresco" e o deputado em questão "teve aí uma oportunidade excelente para se demarcar e não o fez".
"A minha pergunta é o que é que aconteceu nestes últimos três meses para que o deputado Carlos Furtado tenho decidido acompanhar a decisão da IL, e só ele é que poderá responder", aponta.
Em suma, confessa, "isto é tudo muito estranho" e "se já foi uma surpresa a decisão da IL - porque no passado a IL já tinha tido motivos, do ponto de vista dos liberais, para eventualmente rasgar o acordo, e já tinham ameaçado isso -, agora nada o fazia prever".