Jornalista tinha 74 anos.
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Morreu o histórico comunista Ruben de Carvalho, aos 74 anos.
Num comunicado, enviado às redações, o Secretariado do Comité Central do PCP confirma que Ruben de Carvalho morreu "em consequência de problemas de saúde que exigiram internamento hospitalar."
O atual membro do Comité Central do PCP, foi chefe de redação do semanário Avante!, a partir da primeira edição do jornal, em 1976, e até junho de 1995, além de chefe de redação da Vida Mundial, redator coordenador de O Século.
Jornalista num tempo em que foi preciso fintar a censura, Ruben de Carvalho escreveu para inúmeros jornais e revistas, esteve na telefonia de Lisboa e protagonizou vários programas de rádio. Escreveu sobre fado e música popular.
Ruben de Carvalho foi membro das "comissões juvenis de apoio" à candidatura do General Humberto Delgado e esteve preso durante o Estado Novo. Depois do 25 de Abril, foi chefe de gabinete do Ministro Sem Pasta, Francisco Pereira de Moura, no I Governo Provisório, vereador da Câmara Municipal de Lisboa (entre 2005 e 2013) e deputado à Assembleia da República.
O comunista foi ainda responsável pela organização dos espetáculos da Festa do Avante! e pelo Roteiro do Antifascismo na Câmara Municipal de Lisboa.
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Um homem de cultura
Em declarações à TSF, o antigo líder parlamentar do PCP Carlos Brito recorda os tempos em que trabalhou com Ruben de Carvalho e a "cultura musical rara" do jornalista.
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Carlos Brito lembra que divergiu ideologicamente de Ruben de Carvalho, mas ambos mantiveram "um enorme respeito mútuo e uma grande amizade".
Também o economista do PCP Carlos Carvalhas recorda um "homem de cultura", além de "um amigo e camarada".
Era um "homem invulgar" com uma "cultura vasta e multifacetada", que "a tudo se agarrava", conta. A partir de uma garagem fez a sua própria casa e na redação do jornal Avante! fez muita da eletrificação e até os móveis, por exemplo.
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Jaime Nogueira Pinto, com quem Ruben de Carvalho mantinha na RDP1 o programa de debate da atualidade "Radicais Livres", recorda a "cumplicidade" de "uma boa amizade", que deixa "boas memórias".
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O jornalista Pedro Tadeu trabalhou durante nove anos com Ruben de Carvalho na Festa do Avante e recorda o comunista como um homem que se destacou na cultura em Portugal.
"Ruben de Carvalho adorava a vida"
O primeiro-ministro considerou esta terça-feira que a morte do antigo dirigente comunista Ruben de Carvalho representa a perda de um um amigo e de homem de cultural e transmitiu os seus sentimentos ao secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
O histórico dirigente do PCP morreu esta terça-feira, aos 74 anos, tendo sido jornalista de profissão, designadamente chefe de redação do semanário Avante!, órgão central do PCP, entre abril de 1974 e 1995, assim como chefe de redação da revista Vida Mundial e redator coordenador do jornal O Século.
"Ruben de Carvalho adorava a vida e se teve tempo de uma última despedida, deve ter dito para si 'foi bonita a Festa, pá!'. Já transmiti os meus sentimentos à sua família e ao secretário-geral do PCP", escreveu António Costa numa nota na rede social Twitter.
"Defensor da liberdade desde jovem"
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do dirigente do PCP Ruben de Carvalho, recordando-o como um "defensor da liberdade desde jovem", que "deixa um rasto de saudade".
"Jornalista e homem de cultura, defensor da liberdade desde jovem, deputado à Assembleia da República, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Ruben de Carvalho deixa um rasto de saudade em todos quantos tiveram o privilégio de partilhar a sua afabilidade de trato e reconhecer o seu empenhamento profundo na defesa das causas em que acreditava", afirma o chefe de Estado.
Numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa apresenta "respeitosas condolências" à família de Ruben de Carvalho e ao PCP.
"Um homem de combate e de confronto de ideias"
Em nome do Secretariado do Comité Central, Jerónimo de Sousa elogiou Rúben de Sousa como "um homem de combate e de confronto de ideias" que mereceu o respeito mesmo dos adversários políticos.
"Da parte de muitos com grandes divergências profundas, sempre tiveram grande respeito pela intervenção do Ruben neste diálogo com quem discordava, mas simultaneamente respeitava", recordou o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa destacou ainda o percurso multifacetado de Rúben de Carvalho: "um intelectual comunista que assumiu diversas tarefas cargos e responsabilidades" no PCP.
"Todo um percurso de uma vida de luta na luta antifascista e no movimento estudantil que levou sucessivas prisões, sendo a última aliás a 7 de abril de 1974", lembrou Jerónimo de Sousa que sublinhou a "contribuição importantíssima na festa do Avante, na parte dos programas musicais"
"Um homem do jornalismo, da rádio, da imprensa que deu muita atenção à música da popular à erudita, numa contribuição importante para a nossa cultura".
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