António Costa recordou o medo do diabo por parte da direita, trouxe a expressão ao discurso em Loulé e deixou a promessa de que com o PS não há que ter receio.
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A aragem fresca que se faz sentir em Loulé, na Cerca do Convento do Espírito Santo, "roubou" as vozes aos algarvios que acompanharam o comício do PS. As palmas ainda se fizeram ouvir em algumas intervenções, as bandeiras estavam no ar, mas os gritos de PS não fizeram subir a temperatura.
Quem sobe ao palco é o otimista que tanto irrita Marcelo Rebelo de Sousa. Costa faz alusão a uma frase do Presidente da República e deixa uma promessa ao poeta algarvio Nuno Júdice, que tinha falado pouco antes: "Continuarei a ser irritantemente otimista."
O líder socialista recorda que "há quatro anos era preciso ser otimista" e que a "enorme confiança no país e nos portugueses" o fez tomar essa mesma atitude e acreditar que era possível. Agora, uma legislatura depois, Costa apela aos portugueses que deem "força ao PS". A frase tem vindo a ser repetida vezes sem conta e tem como objetivo que objetivos conseguidos até agora "não andem para trás".
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"Nada nos garante que não façam tudo voltar para trás"
Costa tem receio que a direita faça o caminho oposto ao que tem vindo a ser feito e, para apelar ao voto dos portugueses, trouxe o diabo para a campanha. "Conhecemos bem aqueles que diziam que nada disto era possível porque fazendo tudo isto vinha aí o diabo. Como têm tanto medo do diabo, nada nos garante que, chegando ao poder, para evitar o diabo não façam tudo isto voltar para trás", afirma.
Com Costa e com o PS "o diabo não vem" e o país "não volta a andar para trás", palavra do secretário-geral socialista. Desta forma, o primeiro-ministro considera que Portugal precisa de um Governo forte, que assegure "quatro anos de estabilidade" para que seja possível governar com "conta, peso e medida e com irritante otimismo".
A 11 dias das eleições, o líder socialista quis esclarecer que as sondagens não são uma preocupação e que só o voto conta. "Há muita gente a fazer contas, mas há uma coisa que sabemos: eleições não se perdem nem ganham em sondagens", atirou.
No seguimento do discurso, o grande apelo da campanha: "Quem quer um Governo PS, deve votar no Partido Socialista. Quem não quer mais quatro anos de estabilidade tem uma enorme liberdade de escolha."
O PS não está "acomodado" ao que foi alcançado nos últimos quatro anos e não pretende "festejar", já que a vontade é de "seguir em frente e fazer o que não está feito".
Clima: problema global, ação local
A saúde, os transportes públicos e as alterações climáticas voltaram a estar no discurso socialista, principalmente este último tema, com Costa a recordar a cimeira de Nova Iorque e a enaltecer que "se é um desafio global, é um desafio que exige uma ação local".
No Algarve, o líder socialista recordou que esta zona do país onde "mais se manifestam riscos e consequências das alterações climáticas", dos incêndios, à seca e à erosão da costa.
"Não podemos brincar com as alterações climáticas, nem imitar os Presidentes de alguns países que querem fazer acreditar que ações climáticas são uma fantasia", disse, referindo-se às palavras de Donald Trump.
E se os transportes têm dado lugar à relevância do combate às alterações climáticas, esta noite o percurso foi o inverso, mas foi ter ao mesmo. E se os passes sociais chegaram ao discurso, ficou também a farpa a Rui Rio. "Rui Rio, quem está no Algarve não está em Lisboa nem no Porto e tem direito aos nossos passes sociais", atirou, recordando que a região conta com um passe de 40 euros.