"Os pássaros não são estúpidos." Secretário de Estado desvaloriza críticas a novo aeroporto

Num artigo assinado por Alberto Souto de Miranda, o alvo são as críticas dos ambientalistas à construção do novo aeroporto no Montijo.

Os ambientalistas têm alertado que dezenas de milhares de aves de médio e grande porte cruzam-se na zona de proteção especial do estuário do Tejo, junto ao local onde será construído o novo aeroporto do Montijo. A ANA - Aeroportos de Portugal já se comprometeu a realizar um estudo de avaliação do impacto antes de começar as obras no Montijo, mas o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, vem agora desvalorizar a situação e defende que os pássaros acabarão por se adaptar ao movimento dos aviões.

Num artigo de opinião assinado, esta terça-feira, no jornal Público , Alberto Souto de Miranda afirma que "os pássaros não são estúpidos e é provável que se adaptem".

O secretário de Estado refere que a "ciência sem dados comprovados não é ciência" e critica os alarmistas e os "protetores das espécies, de matriz radical e insensata" - como aqueles que temem pela morte dos caranguejos, que por devido à sua fraca "velocidade de locomoção", não deverão conseguir fugir das máquinas quando as obras arrancarem.

"É o princípio da precaução levado ao risível", comenta Alberto Souto de Miranda. "Os caranguejos podem ser lentos, mas não estão em extinção. É um impacto não mitigável."

O secretário de Estado Adjunto e das Comunicações escreve ainda que "não há aeroportos sem impactos" e sublinha que o aeroporto do Montijo será apenas complementar ao da Portela, e não a pista principal de Lisboa. "Se for possível, em sede de projeto de execução, melhorar as áreas de modo a acolher todo o tipo de aviões de médio curso, excelente", acrescenta.

"A prazo, uma vez retirada a Base Aérea n.º 6, o Montijo terá área liberta para uma segunda pista com mais de três quilómetros, sem beliscar o Tejo", aponta o secretário de Estado, concluindo que "Lisboa terá uma solução aeroportuária suficiente para os próximos 100 anos".

Também Greta Thunberg não escapa às críticas, no artigo assinado pelo secretário de Estado. Alberto Souto de Miranda aponta que "estigmatizar a mobilidade aeronáutica ou marítima é um erro infantil". "É deitar fora o bebé com a água do banho, em vez de mudar apenas a água suja que importa substituir", compara o governante. "Uma coisa são gritos de alerta, outra é a vozearia de ocasião", que na opinião do secretário de Estado, "não permite ouvir o essencial".

"Talvez a Greta, na longevidade, então banal, dos seus 117 anos, aterre no Montijo, muito mais sábia e ciente das capacidades do Homem para se transformar", atira Alberto Souto de Miranda.

Alberto Souto de Miranda conclui o artigo afirmando que cabe a esta geração a responsabilidade de construir bem o novo o aeroporto, recorrendo aos melhores dados da ciência e da técnica.

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lamenta que sejam emitidas opiniões sobre o aeroporto do Montijo sem fundamentação científica.

Ouvido pela TSF, Joaquim Teodósio garante que a SPEA sempre apresentou argumentos científicos.

Ao contrário do que defende o governante, o dirigente da Sociedade para o Estudo das Aves adverte que não é provável que as aves se adaptem. "Existem muitas espécies com comportamentos diferentes e ainda há impactos que são desconhecidos", assegura.

A SPEA lamenta, ainda, a falta de discussão científica sobre os impactos do aeroporto do Montijo.

Notícia atualizada às 16h42

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