Carlos César reconhece no programa da TSF "Almoços Grátis" que o diálogo com os parceiros tradicionais sobre o Orçamento do Estado pode levar o PS a ir mais longe em matérias como as pensões.
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O Partido Socialista admite ir mais longe no Orçamento do Estado para 2020 em áreas como as pensões, o aumento dos funcionários públicos e as creches, para conseguir concertar posições com o Bloco de Esquerda e o PCP. A informação é avançada, esta quarta-feira, pela voz do presidente dos socialistas no programa de debate político semanal da TSF "Almoços Grátis".
"É natural que se faça um esforço significativo de diálogo, procurando outros avanços e maior profundidade de análise em áreas como os aumentos das pensões, o aumento dos funcionários públicos e as creches", adianta Carlos César.
O socialista sublinha que a prioridade é negociar com o BE e com o PCP: "O nosso diálogo está centrado nos nossos parceiros tradicionais: é com eles que procuramos concertar condições."
Quanto à decisão anunciada esta quarta-feira pelo PCP de se abster na votação inicial da proposta orçamental, Carlos César diz apenas não estar surpreendido. Já em relação à posição do PSD, Carlos César não é tão lacónico, acusando os sociais-democratas de não apresentarem soluções para os problemas que apontam.
"O PSD esgota-se em críticas e não se esforça em alternativas. Isso ficou visível na forma como Rio explicitou as razões pelas quais votava contra. Nunca disse verdadeiramente as alternativas", atira.
Carlos César acredita que a posição de Rui Rio em relação ao Orçamento do Estado resulta também de uma necessidade de o líder do PSD se "libertar das críticas dos opositores internos" que o acusam de ser "frouxo".
O presidente do PS faz notar ainda que "seria incompreensível" se o Orçamento não fosse viabilizado por uma maioria que foi escolhida pelo povo português e se os parceiros tradicionais tivessem uma posição contrária à da garantia da estabilidade política do país.
David Justino: "É um orçamento sofá com almofadas de muitos milhões"
Também no programa "Almoços Grátis", o vice-presidente do PSD, David Justino, defende que Mário Centeno acautelou as negociações com os partidos de esquerda, ao criar "um orçamento sofá com almofadas de muitos milhões".
Na visão do social-democrata "a discussão na especialidade poderá revelar muitas destas almofadas ocultas que este orçamento tem", o que "retira transparência ao Orçamento e capacidade de escrutínio por parte da Assembleia da República".
Para David Justino "isto vai permitir que o Governo possa executar o Orçamento de uma forma completamente fora do controlo da Assembleia da República", como se fosse "uma espécie de cativação prévia".
É por isso que o vice-presidente do PSD admite que preferiria "um orçamento retificativo, porque este é menos transparente e menos sujeito ao controlo democrático".
À posição de David Justino, Carlos César reage ao dizer que "se há almofadas é porque pode haver mais despesa" e que quem costuma falhar previsões é o PSD e o CDS. Por outro lado, na ótica de Carlos César, "este Orçamento do Estado tem a montante uma credibilidade firmada no exterior da gestão orçamental portuguesa, um dos maiores trunfos internacionais do nosso país".
"Não se tratando uma proposta de Orçamento do Estado de uma ciência exata o mais racional é não sobrevalorizar a receita e subvalorizar a despesa", remata Carlos César.