PSD quer floresta e animais de companhia na Agricultura e "desbloqueio" da plantação de eucaliptos

O PSD promete terminar com o "congelamento" da plantação de espécies de rápido crescimento, desde que se plantem 40% de folhosas.

Se o PSD conseguir formar Governo depois de 30 de janeiro, a floresta e o bem-estar dos animais de companhia, vão deixar o Ministério do Ambiente e regressar à Agricultura, contrariando uma decisão do atual Executivo. Os social-democratas prometem terminar com o congelamento da plantação das espécies de rápido crescimento, como os eucaliptos.

Em entrevista à TSF, o responsável pelo programa social-democrata na agricultura, Arlindo Cunha, defende "que a melhor defesa para os incêndios é a floresta". O também ministro da Agricultura do segundo Governo de Cavaco Silva, e ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente de Durão Barroso afirma que os socialistas criaram problemas que não existiam.

"Este Governo cometeu um erro gravíssimo: estarmos a desarticular as florestas da Agricultura é dificultar a política sobre o terreno. Sabemos que a melhor defesa contra os incêndios é termos floresta", defende.

Com "25% do território abandonado", o PSD promete terminar com o congelamento da plantação de espécies de rápido crescimento, como o eucalipto. A lei atual coloca um limite máximo de 812 mil hectares até 2030.

"Respeitando as regras de ordenamento, em vez de estarmos a congelar as áreas abandonadas, que não servem para nada, são foco de incêndios e doenças, queremos permitir que possam ter espécies de crescimento rápido ou outras", explica.

Se os agricultores optaram por espécies de crescimento rápido, ficam obrigados a plantar "40% de folhosas nas novas plantações e 25% nas replantações".

Arlindo Cunha contraria ainda o que diz ser um mito, já que "não é nas áreas de eucalipto que há mais incêndios", mas sim "nas áreas abandonadas".

O atual Governo passou ainda a tutela do bem-estar dos animais de companhia da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), mas o PSD promete reverter a medida e deixa críticas ao PAN.

"Não lembra ao diabo, retirar os animais de companhia do departamento do Estado que é desde sempre responsável pela sanidade e bem-estar dos animais: a DGAV", atira, acrescentando que a mudança "só se compreende para pagar um favor ao PAN" com a aprovação do Orçamento do Estado.

Nas propostas do partido, a que a TSF teve acesso, o PSD quer ainda "rever e reforçar o Programa Nacional de Regadios, dando prioridade ao sistema Tejo, a novos aproveitamentos no sul e no interior do País e simplificando o processo de licenciamento de pequenas barragens e charcas".

O PSD promete ainda criar "um sistema a fundo perdido" para acompanhar jovens agricultores em início de carreira.

Acabar com os limites à plantação de eucaliptos? Proprietários florestais aplaudem proposta do PSD

Luís Damas, presidente da Federação Nacional das Associações dos Proprietários Florestais, vê com bons olhos a proposta do PSD para acabar com os limites à plantação de eucaliptos.

"O país tem a tecnologia que tem na pasta do papel, somos pioneiros, temos a melhor espécie de eucalipto. Claro que ainda há muito espaço para o eucalipto, temos bons engenheiros florestais, é só uma questão de ordenamento do território", afirma, em declarações à TSF.

Já quanto ao regresso das florestas ao Ministério da Agricultura, o representante dos proprietários está contra.

"Não vejo vantagem nenhuma e é uma moda recorrente dos governos. Não esquecer que o Ministério do Ambiente tem o fundo ambiental que teve muitos milhões e a floresta muitos projetos alavancados com o fundo ambiental. Estar a floresta na agricultura ou estar no ambiente, não vemos diferença nenhuma. Os técnicos são os mesmos, as políticas é que podem mudar. Acho que muito desse fundo ambiental é à custa do carbono", explica.

* com Rui Polónio e Carolina Quaresma

Notícia atualizada às 09h25

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