PSD quer saber se ministro da Defesa vai "continuar a impedir acesso" a relatório de auditoria sobre hospital

Bancada social-democrata sublinha que a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos concluiu que "deve ser facultado o acesso à auditoria com os dados relevantes relativos à empreitada".

O grupo parlamentar do PSD questionou esta quinta-feira o ministro da Defesa Nacional se "vai continuar a impedir o acesso" ao relatório da auditoria pedida pela tutela sobre a derrapagem do custo na requalificação do antigo Hospital Militar de Belém.

De acordo com uma pergunta endereçada a João Gomes Cravinho, através da Assembleia da República, a bancada social-democrata sublinha que a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) concluiu que "deve ser facultado o acesso à auditoria com os dados relevantes relativos à empreitada e sua execução, com exceção dos dados não relevantes para esse efeito".

O PSD sustentou que "o montante e financiamento das despesas para rentabilização do património imobiliário público resultados da execução" da Lei de Infraestruturas Militares também tem de estar "sujeito a transparência".

Os sociais-democratas explicitaram também que a Lei de Acesso a Documentos da Administração (LADA) especifica que os documentos administrativos que estão sujeitos a restrições de acesso "são objeto de comunicação parcial sempre que seja possível expurgar a informação relativa à matéria reservada".

Por isso, "em face à legislação citada e ainda do parecer da CADA, e considerando que o ministro da Defesa Nacional é o responsável pela direção e coordenação da segurança das matérias calcificadas dentro" daquele ministério, o PSD pergunta a Gomes Cravinho se "vai continuar a impedir o acesso a este relatório".

Em causa está a divulgação de um relatório classificado como confidencial, produzido para averiguar todos os procedimentos adotados na requalificação do antigo Hospital Militar de Belém (Lisboa), enviado à Assembleia da República e, entretanto, divulgado por alguns órgãos de comunicação social.

Em abril, a rádio TSF noticiou que o relatório da auditoria pedida pelo ministério à derrapagem do custo da requalificação do antigo Hospital Militar de Belém, feita pela Inspeção-Geral da Defesa Nacional, concluiu que "os atos e procedimentos administrativos e financeiros auditados denotam inconformidades legais".

De acordo com o texto citado pela TSF verificou-se também "falta de evidência do pedido expresso à tutela para autorizar a despesa (...) e consequente ausência de competência por parte do Diretor-geral da DGRDN [Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional] para autorizar a despesa, escolher as entidades a convidar, aprovar as peças do procedimento e decidir a adjudicação".

No passado dia 23 de fevereiro, o ministro da Defesa justificou a substituição da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional com as necessidades de "olhar e abordagens novos" e negou tratar-se de uma exoneração do anterior responsável, Alberto Coelho.

Em outubro de 2020, Gomes Cravinho adiantou, no parlamento, que tinha pedido à Inspeção-geral de Defesa Nacional uma auditoria à derrapagem do custo da requalificação do antigo Hospital Militar de Belém e admitiu que desta seriam retiradas as "devidas consequências".

Em meados de agosto de 2020, a Associação Salgueiro Maia anunciou que o antigo Hospital Militar de Belém iria ser batizado com o nome do capitão de Abril, e que o equipamento seria cedido por 25 anos à Câmara Municipal de Lisboa (CML) para funcionar como unidade de cuidados continuados integrados.

Na mesma altura, o Diário de Notícias noticiou que aquela unidade hospitalar teve a reabilitação de "três dos cinco pisos para reforço do Serviço Nacional de Saúde no internamento de doentes com Covid-19".

Segundo aquela publicação, o custo total da intervenção foi de 2,6 milhões de euros, mais de três vezes os 750 mil inicialmente estimados.

Em 07 de julho, o ministro da Defesa admitiu desclassificar a confidencialidade do relatório sobre a execução dos contratos da requalificação do antigo Hospital Militar de Belém, acrescentando que vai aguardar pela análise do Tribunal de Contas (TdC) ao documento.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de