Rio defende: não é ético nem patriótico criticar atuação do Governo em tempo de Covid-19
Rui Rio enviou uma carta aos militantes do PSD a pedir que evitem a instabilidade política.
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O presidente do PSD escreve aos militantes defendendo que, nestes tempos de pandemia, é pouco ético criticar a atuação do governo. Por isso, Rui Rio pede aos militantes que sejam "patrióticos", e que restrinjam as críticas ao governo em funções.
"Lamentavelmente, na vida política nem sempre essa união contra o inimigo comum acontece, pois, não raras vezes, aparecem os que não resistem à tentação de agravar os ataques aos governos em funções, aproveitando-se partidariamente das fragilidades políticas que a gestão de uma tão complexa realidade sempre acarreta", pode ler-se na carta que já chegou aos militantes do partido.
A carta foi revelada nas últimas horas pela Rádio Renascença, e a TSF confirmou que pelo menos alguns militantes já a leram.
Ribau Esteves, o presidente da Câmara de Aveiro, que é também dirigente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, diz à TSF, que apesar das criticas que já fez ao Governo, nas últimas semanas, não se sente visado pela carta de Rui Rio.
Para o autarca, Rui Rio referia-se aos militantes que tentam aproveitar "partidariamente" da situação e não aos que, como ele, fazem críticas no "sentido construtivo de serviço público".
Ribau Esteves admite, contudo, que gostava de ter lido na carta um agradecimento aos autarcas que estão "na linha da frente nos municípios e nas freguesias a ajudar a nossa gente a gerir este combate à Covid-19".
LEIA A CARTA DE RUI RIO AOS MILITANTES DO PSD NA ÍNTEGRA
"Cara/o companheira/o
Portugal e o mundo em geral vivem uma situação única na história da Humanidade. Não porque a Covid-19 seja a primeira pandemia de sempre, mas porque, por força da globalização, ela ocorre, pela primeira vez, praticamente em simultâneo em todo o mundo.
Dada a gravidade da situação - seja na vertente da saúde pública, da economia ou nos aspetos de ordem social que dentro em breve se irão agravar - temos todos de estar unidos e solidários, de molde a que o nosso País consiga enfrentar este combate com o menor número de vítimas e o menor desconforto possível.
Lamentavelmente, na vida política nem sempre essa união contra o inimigo comum acontece, pois, não raras vezes, aparecem os que não resistem à tentação de agravar os ataques aos governos em funções, aproveitando-se partidariamente das fragilidades políticas que a gestão de uma tão complexa realidade sempre acarreta.
Em minha opinião, essa não é, neste momento, uma postura eticamente correta. E não é, acima de tudo, uma posição patriótica. O que as pessoas querem (e bem!) é eliminar o vírus o mais depressa possível, dispensando uma instabilidade política que só dificulta o que já, de si, não é fácil de resolver.
Como líder da oposição, tenho tido, por isso, uma atitude de cooperação com o Senhor Presidente da República e com o Governo de Portugal, procurando ajudar a resolver da melhor maneira o grave problema que nos atormenta enquanto povo e enquanto nação.
Dos ecos que me vão chegando, concluo que a maioria dos nossos militantes tem também apoiado e assumido esta postura, o que não só me satisfaz, como muito me orgulha. Ver o nosso partido com sentido de Estado e da responsabilidade, é vê-lo a honrar o seu passado e a pôr Portugal à frente de tudo o mais.
Infelizmente, Portugal vai ter de passar por tempos bem difíceis, depois desta prolongada paragem económica a que nos tivemos de submeter.
Em todas as anteriores crises graves que o País enfrentou, os portugueses puderam sempre contar com o PSD.
Pelo que tenho visto nestes momentos difíceis que estamos a passar, podemos ter a certeza que a grande maioria dos militantes sociais-democratas continua a estar à altura das suas responsabilidades e que, nesse sentido, Portugal pode continuar a contar connosco para o servir da forma séria e capaz, como sempre fizemos ao longo da nossa história.
Agradeço, sinceramente, enquanto presidente do PSD, mas também enquanto cidadão, o exemplo que, como militantes partidários, temos sido capazes de demonstrar aos nossos concidadãos. Muito Obrigado!
Com um abraço social-democrata,
Rui Rio"
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