Confrontado com críticas de José Sócrates, Rui Rio diz que, seja qual for o socialista, só pode condenar as suas palavras sobre o caso Tancos porque não tem outra forma de o atacar.
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Rui Rio aplaudiu a independência do Ministério Público no caso Tancos, uma vez que "cumpriu a sua obrigação" apesar de ter sido beneficiado durante a legislatura de António Costa. Já o Partido Socialista não tem motivos para falar em conspiração.
"O Ministério Público só tinha de estar contente com o PS, o tal elogio é por isto: apesar de o Governo ter feito tudo aquilo que eles queriam, eles não deixaram de cumprir a sua obrigação. E eu, se sou tão critico em muitas coisas, também tenho de ser justo e aqui elogiar: tem a ver com o PS no Governo ter dado tudo e ainda assim houve a independência necessária para fazer isso", afirmou o presidente do PSD.
E o que é 'tudo'? "Um aumento muito desigual relativamente às outras classes profissionais", afirmou o presidente do PSD, comparando os salários dos magistrados com o dos generais das Forças Armadas ou os professores catedráticos.
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Durante uma sessão de perguntas e respostas em Coimbra, Rui Rio reiterou que, no caso Tancos, não compreende como é o Ministério Público poderia ter agido de forma diferente. "Houve efetivamente um roubo, a partir desse momento o Ministério Público tinha de abrir um inquérito, fazer a investigação e tinha prazos a cumprir. Se a acusação não saísse quem estava preso tinha de ser solto".
Sócrates ao ataque, Rio à defesa
Já na rua, questionado sobre se já teve oportunidade de ler o artigo de José Sócrates no jornal Expresso, Rui Rio assume que não, mas tece uma defesa rápida. "De qualquer maneira eu não tirei nenhuma conclusão de ordem judicial, limitei-me a colocar questões de ordem política e essas são a minha obrigação."
"Era absolutamente impossível o líder da oposição não colocar questões políticas face à gravidade do que aconteceu em Tancos. É óbvio", reforça.
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José Sócrates refere-se diretamente a Rui Rio neste artigo e opinião, dizendo que protagonizou "o momento mais singular de toda a campanha" ao abordar o caso Tancos. "O ataque ao primeiro-ministro pode ser político, mas é baseado no julgamento prévio do antigo ministro da Defesa. Em boa verdade, o que fez foi condenar sem ouvir a defesa e sem esperar pelo veredicto de um juiz", afirma.
"Seja o engenheiro Sócrates, o dr. António Costa, ou qualquer outra pessoa do Partido Socialista, não sabem como me hão-de de atacar e resolvem ver aquilo que não existe - sabem que não existem mas confundem as coisas de propósito", condenou Rui Rio, confrontado pelas afirmações do ex-primeiro-ministro.