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Entre os dez ficheiros mais partilhados, sete tinham factos incorretos, dois tinham conteúdo impreciso e apenas um estava correto.
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Um estudo do ISCTE confirma que grande parte dos conteúdos partilhados nas redes sociais são falsos, manipulados ou enganadores.
O MediaLab do Instituto da Universidade de Lisboa recolheu mensagens, posts e tweets de 30 dias para análise. O estudo incidiu nos dias de quinta, sexta, sábado e domingo últimos - de 12 a 15 de Março.
Dos dez ficheiros mais partilhados, sete tinham factos incorretos, dois tinham conteúdo impreciso e apenas um estava correto. Este último estava também entre os menos partilhados.
Quase três quartos do conteúdo analisado estava em formato áudio e fica a dever muito ao rigor. Sobretudo, os ditos testemunhos.
"É de um amigo do meu amigo", "é de um médico que trabalha lá" ou "vê esta teoria, faz todo o sentido". Não, não faz. Não, não é.
O estudo não deixa margem para dúvidas. A principal característica de todos estes conteúdos é a falta de rigor.
Este projeto do MediaLab do ISCTE procurou perceber tudo o que partilhamos nas redes após as notícias sobre o novo coronavírus. Contabilizou 16 mil noticias partilhadas em 30 dias e mais de meio milhão de posts, tweets e retweets.
Aumentaram os posts e os tweets, aumentou também a interação entre as pessoas e entre as pessoas e os meios de comunicação social. Mas não aumentou o rigor, exceto na Comunicação Social.
Aqui, o rigor continua a ser o mote e apenas um caso (uma dita fake news, que se é fake não é news) - o dos hotéis que Ronaldo ia colocar à disposição - foi partilhado sem verificação da veracidade.
Tal como o vírus, a partilha também foi exponencial, começando com muita desinformação e tornando-se nos últimos dias mais consciente, inclusive com a criação de grupos mais informados e fundamentados.
Além destas e de outras conclusões, o estudo aponta também para várias ilações ou lições a retirar. Entre elas, a credibilidade que os profissionais de saúde têm.
São bem vistos ao ponto de serem usados na falsa partilha de informação "dita especializada". Para quem não faz a distinção entre verdade ou mentira, algo dito por um "médico" tem peso idêntico, como se comprova com alguns dos áudios que ainda circulam.
O estudo termina por afirmar que "importa que as pessoas percebam" que passar mensagens que dizem que "tudo está descontrolado", que "há mortos", que "tudo vai fechar" ou outras semelhantes "não ajuda em nada: nem o próprio, nem ninguém".