Afinal, foi garagem do vizinho inundada. Fregueses de Benfica têm "pena" da falta de apoio de Costa

A garagem do prédio onde reside o primeiro-ministro não escapou às cheias que esta semana deixaram um rasto de destruição em várias zonas de Lisboa. O presidente da junta de freguesia garante à TSF que o carro do chefe de governo não ficou submerso.

O primeiro-ministro deixou o desabafo na noite de ontem, quando em Bruxelas, depois de um encontro do Conselho Europeu, ao revelar que teve a casa "inundada", resultado das cheias que esta semana deixaram estragos em várias zonas da cidade de Lisboa. Os moradores de Benfica ajudam a esclarecer as afirmações de António Costa.

A manhã é de compras. Neste bairro da capital, vão passando com sacos mais ou menos fartos nas mãos, todos os que aproveitam a manhã de sexta-feira para fazer as compras, já a olhar para o fim de semana. "Fui comprar legumes", diz Carminda. Sem perguntarmos, a lisboeta ainda acrescenta a idade. "Tenho 89 anos", continua. Na rua, apesar de a semana estar quase a chegar ao fim, ainda são visíveis as marcas da água que chegou em força. Entrou em lojas, restaurantes, e deixou prejuízos que dia após dia continuam a crescer.

Mas a rua onde a TSF encontrou Carminda é também a rua onde mora António Costa. A água também lá chegou? "Não. (O primeiro-ministro) mora lá em cima, no terceiro andar. Foi só a garagem. Os outros também ficaram. Não foi só a ele", responde prontamente. O presidente da junta de freguesia de Benfica confirma. "O edifício onde habita o primeiro-ministro teve uma inundação muito grave na garagem. Alguns carros ficaram submersos. Não houve nenhuma viatura do senhor primeiro-ministro. Isso é um mito", esclarece à TSF Ricardo Marques.

Os comerciantes também têm a sua versão da história, e lamentam que, da parte do vizinho, que é também primeiro-ministro, não tenha chegado ainda uma palavra de apoio. "O senhor primeiro-ministro deve andar muito ocupado, mas pelo menos deveria dar alguma força aos comerciantes perto da casa dele, que é uma zona de muito comércio", atira António. A loja de colchões de que é proprietário também foi afetada pela fúria da água.

Prejuízos de três milhões de euros na freguesia

A água também deixou estragos na loja de fotografia de Carlos. A época de Natal é de muito trabalho, que continua apesar dos estragos dos últimos dias. As decorações de Natal, que servem de pano de fundo às muitas sessões fotográficas encomendadas para esta altura, ficaram afetadas. Especialmente as decorações que estavam guardadas na cave. Paredes meias com a residência de António Costa, o lamento é partilhado também por este comerciante. "Tenho pena. Numa catástrofe como esta, em que tantas pessoas se sentiram aflitas com esta situação, acho que era capaz de ser bom-tom que o primeiro-ministro - que vejo tantas vezes a sair aqui ao lado - tivesse uma palavra de apoio. Até porque não estávamos à espera que ele nos viesse ajudar a limpar a loja, não é?", afirma o comerciante.

Em Bruxelas, os jornalistas perguntaram se António Costa não ia contactar o autarca de Lisboa, Carlos Moedas. António Costa respondeu em poucas palavras: "Se for necessário contactá-lo-ei, qual é o problema?". Depois, a CNN Portugal captou mais palavras do chefe de governo. "Pergunto-lhe porque é que ele não me contactou a mim, que tive a casa inundada", acrescentou Costa.

E com o presidente da junta de freguesia de Benfica, houve algum contacto telefónico? "Não", responde Ricardo Marques. O encontro deu-se, mas "por mera coincidência". "Encontrei-o na rua quando (o primeiro-ministro) estava a avaliar a dimensão dos estragos no seu prédio. Andava naquela zona e vi que ele ia à garagem ver pela primeira vez ver os danos. Acabei por ir com ele e com o gestor do condomínio, com quem já tinha combinado ver os danos da garagem. Aliás, vi os danos de todas as casas e lojas afetadas em Benfica", explica o autarca.

Apesar de já terem passado mais de três dias depois das cheias desta semana, os trabalhos de limpeza ainda continuam. Um pouco pelas ruas de Lisboa, ainda saltam à vista os sacos do lixo e os contentores com mercadoria estragada. Ricardo Marques explica ainda à TSF que os valores apurados vão já em 3 milhões e duzentos mil euros, mas há ainda por calcular os prejuízos das viaturas que ficaram danificadas.

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