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Foi no primeiro fim de semana de fevereiro que um grupo de cerca de duas dezenas de portugueses emigrados na China voltou a Portugal. Um repatriamento motivado pela pandemia de Covid-19, com origem na cidade onde viviam: Wuhan, na província chinesa de Hubei.
Nas duas semanas seguintes, foram obrigados a cumprir quarentena e só depois puderam juntar-se às famílias. Entre eles, estava Luis Estanislau. O português, treinador de futebol, ficou em Portugal praticamente seis meses, mas em julho regressou à China, e está de novo a treinar.
Ouça a reportagem de Guilhermina Sousa
A partir do continente asiático, Estanislau conta à TSF que teve de fazer 15 dias de quarentena na primeira cidade chinesa onde o voo fez escala, e só depois pôde seguir para Wuhan.
Uma cidade "completamente igual" a antes da pandemia
Meio ano depois, Luis Estanislau garante que se vive com absoluta normalidade em Wuhan, por estes dias. "À excepção do uso de máscara, que é obrigatório em locais fechados, tudo normalíssimo". Até nos locais onde habitualmente há mais gente.
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Ainda assim, em Wuhan, não há notícia de novas infeções por coronavírus. É à boleia disso, que a conversa resvala para a polémica instalada em Portugal, por causa da intenção do Governo de tornar obrigatória a aplicação "stayaway covid".
A app chinesa, conhecida como "green code", funciona com um código QR, que fica verde sempre que o resultado do teste à Covid é negativo. Esse código é introduzido pelo médico e actualizado pelas autoridades de saúde, através do número do passaporte (no caso dos cidadãos estrangeiros).

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Luis Estanislau explica que o código tem de ser mostrado em todos os locais a que as pessoas se dirigem, como supermercados, restaurantes, aeroportos, etc. A aplicação tem acesso à geolocalização e muda de cor, para amarelo, se houver proximidade com alguém infectado. Nesse caso, recomenda-se o isolamento e é obrigatório um novo teste.
"Aqui não se questiona. Aqui, cumpre-se"
Numa altura em que a polémica sobre a obrigatoriedade da app, não abranda em Portugal, a China acredita que a travagem da pandemia no país tem muito a ver com a aplicação. Algo que não levanta qualquer dúvida e, muito menos, contestação.
Luis Estanislau afirma que "aqui não se questiona, aqui cumpre-se", pelo simples facto de que se acredita que não ter a app traz muito mais perdas do que ganhos.
Não instalar a aplicação implica não ter vida social: "vai-me impedir de viajar, de ir ao cinema, de ir jantar fora... portanto, tem que ser!".
Em "lockdown" até ao fim do campeonato
Luis Estanislau é treinador de futebol em Wuhan. O campeonato começa na próxima semana, mas as equipas já estão em confinamento em hotéis. É assim que vão ficar, sem contactos exteriores, longe da família e com testes diários à Covid até ao fim da competição. Autorização para sair, apenas para o relvado.
Uma "receita" que parece dar resultado, já que não há notícia de infectados entre os jogadores e equipas técnicas. Ao contrário do que acontece na Europa, onde os jogadores têm uma "vida normal" depois dos treinos, nota o treinador português.
