"Assassino invisível." Zonas de Lisboa com níveis alarmantes de poluição do ar relacionada com aeroporto

Leonardo Negrão/Global Imagens (arquivo)
A Segunda Circular é a zona mais afetada. A associação ambientalista Zero adianta que os níveis de concentração de partículas ultrafinas são "cerca de 40 vezes" superiores ao que seria desejável.
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Algumas zonas da cidade de Lisboa têm níveis alarmantes de poluição atmosférica relacionada com o aeroporto Humberto Delgado. O alerta é dado pela associação ambientalista Zero, que mediu a concentração de partículas ultrafinas, definindo-as como um "assassino invisível e silencioso".
Pedro Nunes, da Zero, aponta a Segunda Circular como o principal problema, mas não é o único.
"Do ponto de vista geral, na cidade, a exposição a este tipo de partículas não é boa. Nas zonas mais próximas do aeroporto, nomeadamente na zona da Segunda Circular, sem influência do trânsito, temos concentrações altíssimas, que são cerca de 40 vezes as concentrações que seriam desejáveis. Depois, em zonas ainda expostas a influência do aeroporto, mas um pouco mais afastadas, como é o caso, por exemplo, do jardim do Campo Grande, temos concentrações que vão cerca de 12 vezes àquilo que é recomendável", explica à TSF Pedro Nunes.
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As partículas ultrafinas que estão "em suspensão no ar" têm "um diâmetro de cerca de 1000 vezes inferior ao de um cabelo humano". "Quando inaladas, entram de forma direta na corrente sanguínea, espalham-se pelo organismo todo e são causa de doenças muito graves", afirma o ambientalista, dando o exemplo de doenças do foro neurológico, doenças respiratórias e doenças cardiovasculares.
"São uma ameaça do ponto de vista da saúde pública", argumenta Pedro Nunes.
Para reduzir a emissão das partículas ultrafinas, a associação ambientalista defende três medidas prioritárias: "Uma monitorização sistemática das partículas ultrafinas na cidade, depois, sabendo que estas partículas têm origem em grande parte no tráfego aéreo, no tráfego aeronáutico que afeta a cidade, deviam ser tomadas medidas no sentido de avaliar e otimizar os procedimentos em termos de aterragem e descolagem das aeronaves e temos de pensar em desativar o mais rapidamente possível o aeroporto, porque o aeroporto é incompatível com os níveis de saúde pública que queremos que sejam aceitáveis na cidade de Lisboa e, portanto, deve ser relocalizado num sítio que seja o mais afastado possível de aglomerados populacionais e sem este prejuízo todo."
A Zero recorda que as partículas ultrafinas não são monitorizadas de forma sistemática, nem estão legisladas em Portugal.
A associação lança o filme "Respire por sua conta: o aeroporto em Lisboa como fonte de partículas ultrafinas no ar da cidade com consequências ultrapesadas na saúde dos cidadãos", que "ilustra de forma evidente o grave problema que as partículas ultrafinas representam para os cidadãos em Lisboa".