"Aumentar orçamento." Investigadores pedem mais financiamento na ciência

Especialistas reconhecem que o subfinanciamento da ciência se agravou nos últimos anos.

Os deputados vão analisar, esta quarta-feira à tarde, dois projetos do Livre e do PCP, assim como uma petição lançada por cientistas, que pedem que o financiamento da ciência em Portugal corresponda a 3% do PIB, em vez dos 1,4% verificados em 2019. Por isso, o investimento na ciência foi a debate no Fórum TSF.

Luísa Lopes, subscritora da petição, alertou que o subfinanciamento da ciência se agravou. A investigadora do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa afirma que é, por isso, urgente tomar medidas concretas.

"Uma delas é, de facto, aumentar este orçamento e a outra é, por outro lado, descomplicar a execução das verbas da ciência que são muito burocratizadas e que nos tornam muito pouco ágeis a responder a situações como a pandemia em que foi necessário ter rapidamente testes a funcionar. Embora a sociedade perceba esta importância e reconheça aos cientistas o valor deles, em termos governamentais isso não está a ser espelhado num financiamento adequado", explicou à TSF Luísa Lopes.

Carlos Fiolhais tem a mesma opinião. O professor catedrático do departamento de física da Universidade de Coimbra concorda que há falta de financiamento na ciência e diz que os políticos preferem resultados imediatos, mas afirma que isso é avesso à investigação.

"A ciência é uma pequena semente que depois se vai multiplicar. A árvore vai crescer, dar frutos e às vezes demora. A política exerce-se em mandatos curtos, com a democracia a funcionar em mandatos de quatro anos, e, por vezes, a semente que se lança demora algum tempo a florescer. Dá lucros, mas não são lucros imediatos. O dinheiro tem de ser bem gasto e a ciência é um bom investimento apesar de o conhecimento demorar algum tempo", afirmou Carlos Fiolhais.

José Tribolet, professor catedrático do departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico, sublinha a necessidade de se investir na ciência e defende que os investigadores têm de se aproximar da realidade do país.

"Não compreendo, de um modo geral, o que a investigação portuguesa está a fazer em prol de Portugal. Temos um país pobre, com poucos recursos e para aplicar mais dinheiro nisto é preciso questionarmo-nos sobre qual é o retorno na vida útil dos portugueses que hoje estão vivos. Devíamos conseguir olhar e ter documentação sobre o que estamos a fazer na agricultura, pesca e floresta", acrescentou José Tribolet.

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