
Eduardo Pinto/TSF
Projeto vai estar operacional na primavera de 2024 para proteger as vinhas e outras culturas numa área de 15 mil hectares na Região Demarcada do Douro.
Um projeto que utiliza balões de hélio com sais para evitar a queda de granizo em Alijó e Sabrosa vai estar operacional na primavera de 2024. O projeto-piloto representa um investimento de 1,2 milhões de euros e vai cobrir uma área de 15 mil hectares na Região Demarcada do Douro.
A tecnologia consiste no uso de um radar de grande amplitude e na colocação de 24 estações meteorológicas fixas em locais previamente estudados. O radar tem como função detetar a aproximação da massa de ar e a ameaça que é o granizo, sendo depois emitido um sinal para as estações meteorológicas. Estas "disparam para a atmosfera um balão de hélio, que transporta uma carga de sais minerais, que dissolvem o gelo e cai água em vez de granizo".
O presidente da Câmara de Alijó, José Paredes, diz que "não há sistemas perfeitos", mas a tecnologia, que já é usada em França e na Alemanha, "poderá ter cerca de 80% de eficácia". E "se em apenas um ano se conseguirem evitar as perdas que se registaram nas duas últimas semanas no concelho, o sistema fica pago à partida".
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Segundo a estimativa da autarquia, a queda de granizo e chuva forte, acompanhada de trovoada, só nesta primavera, "deverá ter atingido dois mil hectares" sendo que "em 400 perdeu-se quase toda a produção". Ora, "o valor perdido, superior a três milhões de euros, daria para financiar dois projetos desta natureza".
Para além das câmaras municipais de Alijó e Sabrosa, o projeto junta a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (Prodouro). Esta última reclamou um sistema como este durante vários anos, já que a queda de granizo é muito frequente naquela zona da Região Demarcada do Douro, por vezes com grande violência. "Finalmente estamos a ver a luz ao fundo do túnel depois de tantos anos a sonhar com ele", sublinha o presidente da Prodouro, Rui Soares.
Nas últimas eleições autárquicas, José Paredes prometeu que iria implementar o projeto e "durante a próxima primavera" quer "tê-lo a funcionar, dê por onde der". Claro que "se for possível enquadrá-lo num programa de apoio com fundos comunitários, será menor o esforço que o município terá de fazer". Caso contrário "será a câmara assumi-lo".
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, admite que "os fundos da Agricultura podem apoiar estes investimentos", sendo que a ideia é que haja "a associação entre produtores e entre municípios para que se possam conjugar esforços e fazer o investimento".